Nova versão da proposta foi lida em sessão do colegiado que se estendeu até a madrugada

Após trabalho de obstrução pela oposição e acordo frustrado com policiais, a comissão especial da Câmara que analisa a reforma da Previdência encerrou a sessão iniciada nesta quarta-feira (3) sem votar o relatório sobre a proposta.

A expectativa é que a votação seja feita em nova reunião nesta quinta-feira (4).

Ao longo de todo o dia, negociações foram conduzidas pelo relator, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

A sessão foi marcada inicialmente para o início da tarde, mas só começou perto das 20 horas após alterações no relatório e diversas reuniões entre os parlamentares.

Ainda assim, membros da oposição e parte dos deputados do centrão não concordaram em fechar acordo para viabilizar a votação. Na sessão, foi feita apenas a leitura formal da terceira versão do parecer, elaborada por Moreira.

Na comissão especial, o relator da Previdência, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), o presidente do colegiado, Marcelo Ramos (PL-AM), sentado, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ)
Na comissão especial, o relator da Previdência, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), o presidente do colegiado, Marcelo Ramos (PL-AM), sentado, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) – Pedro Ladeira/Folhapress

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Parlamentares da oposição anunciaram obstrução dos trabalhos, usando de artifícios regimentais na tentativa de atrasar a tramitação da matéria.

Os oposicionistas conseguiram alongar a reunião, que se estendeu até a madrugada desta quinta-feira (4). Partidos favoráveis à reforma tiveram de se mobilizar para que fossem derrotados pedidos de adiamento de votação.

Com o encerramento dos trabalhos, uma nova sessão foi convocada para a manhã desta quinta. A expectativa é de que o processo de discussão e votação da proposta seja iniciado após mais uma etapa de obstrução da oposição.

Antes de seguir para a análise do plenário da Casa, a comissão precisa votar o texto-base e destaques —propostas de alteração no texto.

 

Técnicos do Legislativo estimam que esse processo levará ao menos oito horas.

Ao convocar a sessão para a manhã desta quinta, o presidente da comissão, Marcelo Ramos (PL-AL), informou que deixaria o processo de votação aberto ininterruptamente para impedir novas alterações no texto pelo relator.

A sessão foi marcada para as 9h. Até as 10h, os parlamentares estão autorizados a apresentar novos destaques ao texto.

Embora os servidores públicos de estados e municípios tenham ficado fora do texto da reforma, alguns congressistas ainda questionavam trechos pontuais que faziam referência aos governos regionais.

As regras para policiais federais também geraram embate. Nesta quarta, o porta-voz da Presidência, general Otávio Rego Barros, disse que o governo não teme adiamento da reforma.

Por intervenção do presidente Jair Bolsonaro, um acordo chegou a ser selado para reduzir a idade mínima de aposentadoria desses profissionais. A mudança foi considerada insuficiente e acabou derrubada, mantendo a proposta original do governo.

AS NOVAS REGRAS DA REFORMA

Pensão por morte 

  • Governo queria limitar pagamento, hoje integral, a 60% do benefício mais 10% por dependente
  • Primeiro relatório barrava valor abaixo do mínimo caso fosse a única renda do beneficiário
  • Agora, diz que critério vale para “conjunto de dependentes”

Abono salarial 

  • Governo queria reduzir pagamento a trabalhador que ganhasse até um salário mínimo, não dois. Relatório propôs e manteve teto de acesso de R$ 1.364,43

Aumento da idade mínima  

  • Proposta criava gatilho para elevar idade mínima conforme expectativa de sobrevida
  • Relatório tirou previsão da PEC

Tipo de Previdência

  • Texto abria caminho para criar o modelo de capitalização (cada trabalhador faz a própria poupança), mas trecho saiu do relatório

Estados e municípios

  • Não foram incluídos na PEC, conforme previa o governo
  • Desconstitucionalização
  • Relator também vetou proposta de tirar da Constituição regras que definem idade e tempo de contribuição mínimos

BPC 

  • Governo queria pagar um mínimo após os 70 anos (hoje é a partir dos 65) e oferecer R$ 400 a partir dos 60; relator manteve regra atual

Auxílio-reclusão

  • Pago a dependentes; governo queria limitar direito a presos que ganhassem até um mínimo, mas relator vetou

Contribuição social 

  • Texto abria brecha para incidência sobre vale-alimentação, mas relatório reforçou que é sobre folha de salários

R$ 1,07 tri

  • é a previsão de economia, em dez anos, com o relatório apresentado na terça-feira (2)

R$ 1,13 tri

  • era a previsão de corte com aposentadorias, em dez anos, na versão anterior do relatório

R$ 1,24 tri

  • era quanto previa de economia a proposta original enviada pelo governo ao Congresso em fevereiro