Dias complicados estão por chegar à vida do agora ex-ministro Antonio
Palocci. Sem qualquer imunidade torna-se um homem comum para ser
investigado com mais facilidade pelo MPF do Distrito Federal e até
mesmo pela fiscalização do Imposto de Renda.
Palocci foi fundo demais no poço da impunidade. Acostumado a ver
tantas fortunas brotarem do nada achou que tinha chegado a sua hora de
também fazer a sua fezinha na loteria brasileira das falcatruas. E só
arranjou encrencas.
Sequer disfarçou quando comprou imóveis e aumentou tanto o seu
patrimônio que nem mesmo o PT conseguiu explicar o veloz
enriquecimento do companheiro. De repente, Palocci tinha uma
consultoria, tinha prestígio no meio empresarial que precisa e mama
nas tetas oficiais. Era só pegar o telefone e pedir favores. A isso
chama-se de consultoria no Brasil.
Complicou-se também quando foi descoberto que tinha um apê de 6,6
milhões, mas morava pagando aluguel que consumia todo o seu salário de
ministro. Como entender alguém que investe num luxuosíssimo imóvel, em
zona nobre da capital paulista, com quatro suítes, etc.etc., e prefere
continuar pagando aluguel para uma imobiliária de cadastro suspeito?
Palocci parece ter uma queda para se meter em confusões. Desde
Ribeirão Preto quando foi prefeito, passando pelo Ministério da
Fazenda, com Lula, e no governo Dilma na Casa Civil seu currículo é um
desastre.
A decisão do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que dava
ao ex-ministro uma espécie de certidão negativa, ao contrário do que
se imaginava ? uma sobrevida ? foi o empurrãozinho que faltava para
jogar Palocci no chão. Além dele, Roberto Gurgel também está a perigo
em sua sonhada recondução ao cargo, cujo prazo vence em 22 de julho
próximo.
A crise de governo que Palocci criou não foi uma obra da oposição.
Tudo veio à tona porque alguém passou para a imprensa as informações
sobre o enriquecimento rápido do ex-ministro, as quais vieram de algum
lugar seguramente nas mãos do PT. A oposição só aproveitou o que a
imprensa publicou e tratou de manter o assunto nas manchetes.
Ao deixar o governo, a vaga aberta foi preenchida no mesmo momento do
Dilma Rousseff que indicou a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), mulher
do ministro do Planejamento Paulo Bernardo. Trata-se de um fato novo
na história política do Brasil: um casal no ministério presidencial.

Fonte: www.rogeriomendelski.com.br