Projetos incluem reformas administrativas, do pacto federativo e também mudanças tributárias

Os projetos econômicos apresentados pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, foram detalhados pelo ministro da Economia Paulo Guedes em entrevista coletiva no início da tarde desta terça-feira (5). As medidas precisam ser aprovadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado.

Entre as medidas propostas, estão a flexibilização do orçamento, tirando os percentuais mínimos constitucionais para saúde e educação, por exemplo, e um “estado de emergência fiscal”, que levaria Estados e municípios com problemas financeiros graves a bloquear promoções, reajustes, fazer concursos e até mesmo cortar jornada de trabalho e vencimentos de servidores.

— Nós queremos um Estado que nos sirva. Um Estado que dê serviços à população, como saúde, educação, e não aumente apenas a si mesmo — declarou Guedes.

As medidas incluem, por exemplo, a fusão de municípios que arrecadam menos de 10% da receita com municípios maiores. Além disso, o governo quer acabar com alguns dos 281 fundos públicos que existem. Segundo o Ministério da Economia, esses fundos mantém quase R$ 220 bilhões parados.

— Nós estamos nos endividando como se não houvesse amanhã. Estamos empurrando essa bola de neve para frente, vai virar uma avalanche de dívida. Isso está impedindo o Brasil de crescer. Esse é um ato de crença na democracia, de crença no fortalecimento da federação — afirmou o ministro.

Guedes também anunciou que enviará uma reforma administrativa que, entre outras coisas, igualará salários de servidores que estão entrando à iniciativa privada, aumentará os requisitos para estabilidade e diminuirá o número de carreiras.

— A mentalidade de servidor público aparece quando você serve à população por alguns anos. Não quando você entra, faz um concurso, pode maltratar, chutar todo mundo. Convivo com alguns mais experientes. O jovem, em vez de entrar com o salário do Valdomiro, do Mansueto (cita dois técnicos do Ministério da Economia que estavam na coletiva) vai entrar com salário mais baixo, compatível com a iniciativa privada — declarou.

Corte de benefícios tributários

Além da redução de jornada e salário de servidores públicos em situações de aperto fiscal, a chamada Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial também prevê um corte de benefícios tributários concedidos pelo governo.

A equipe econômica calcula que, com o corte de gastos e elevação das receitas, haverá uma folga nos cofres públicos de R$ 50 bilhões em dez anos. Esse dinheiro, segundo o Ministério da Economia, poderia ser usado para investimentos.

O texto traz medidas permanentes e temporárias para ajuste das contas na União, estados e municípios. Para o cumprimento dos limites de gastos com pessoal estabelecidos em lei, as três esferas de governo ficarão autorizadas a promover uma redução temporária da jornada de trabalho dos servidores em até 25%, com redução salarial equivalente. A medida de ajuste poderá ser aplicada por um período de até dois anos.

Se as despesas correntes de estados e municípios superarem 95% das receitas, ficarão barrados reajustes de salários, criação de cargos, novas contratações e aumento de auxílios. Também fica suspensa a criação de despesas obrigatórias e benefícios tributários.

Na proposta, o limite máximo de benefícios tributários concedidos pelo governo deverá ser de 2% do Produto Interno Bruto (PIB). Fica estabelecido que será feita uma reavaliação desses incentivos a cada quatro anos. O excesso de arrecadação e do superávit financeiro serão destinados à amortização da dívida pública.

Via NSCTotal – Diário Catarinense