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José Antônio Farenzena, presidente do Sindicato dos Fiscais da Fazenda de Santa Catarina

O resgate do soldado Ryan, obra-prima de Steven Spielberg, é reconhecido como um dos melhores filmes de guerra de todos os tempos. Ao passo que retrata o desembarque dos aliados nas praias da Normandia, conta uma história sobre relacionamento entre líder e liderados em um dos momentos mais difíceis da 2ª Guerra Mundial. Comandada pelo Capitão John Miller, uma equipe foi destacada para resgatar, no interior da França ocupada, um único soldado que já havia perdido os três irmãos no combate.

O filme nos trouxe, há mais de 20 anos, lições importantes sobre liderança: além da inteligência técnica, o capitão demonstrou habilidades comportamentais e competências subjetivas que não aparecem no currículo, mas são cada vez mais valorizadas pelo mercado de trabalho. Para usar o termo da moda, são as “soft skills” ou as habilidades de relacionamento interpessoal: sensibilidade, capacidade de se colocar no lugar do outro, reconhecer o valor do trabalho em equipe.

Seja no dia-a-dia ou nas crises, atitudes como diálogo e empatia são armas poderosas no engajamento das tropas. O líder detentor de inteligência emocional torna-se um influenciador do bem, que dá o seu melhor para obter o máximo das pessoas, conquistando-as pela admiração e não meramente pelo poder hierárquico. No momento da vitória, tem sensibilidade para compartilhar os créditos e exaltar aqueles que ajudaram a vencer a batalha e, quando as coisas não dão certo, assume os erros e busca soluções em conjunto.

Infelizmente, muitos gestores não percebem que sua insensibilidade em relação às preocupações alheias traz prejuízo ao bom andamento dos trabalhos e desmotivam especialmente aqueles que mais se dedicam. Seja por insegurança ou excesso de orgulho, o capitão que esquece de reconhecer o sucesso de seus soldados no presente será também esquecido no futuro.

Guardadas as devidas proporções, atravessamos uma guerra – contra a pandemia da Covid-19 – e seja qual for a nossa batalha particular, o que nos levará a enfrentar os desafios mais complexos e obter melhores resultados são o respaldo e o reconhecimento.

Voltando ao filme, quando finalmente encontram o soldado Ryan, o capitão John Miller é baleado. Antes de morrer ele diz a Ryan: “faça por merecer”. É o que os bons soldados fazem. É o que os bons capitães devem fazer.

Coluna publicada na edição de final de semana do Jornal ND+ (27 e 28/02/21)