Desde que assumiu a presidência dos Estados Unidos em 20 de janeiro de 2017, Donald Trump mudou o ritmo do comércio global com a decisão de retirar o país do acordo Transpacífico, suspender negociação de acordo com a União Europeia e iniciar uma guerra comercial direta com a China, que já teve algumas rodadas de aumento de tarifas. Nos últimos dias, ele prometeu mais sanções, mas voltou atrás porque afetaria exatamente empresas americanas que produzem no gigante asiático, entre as quais a Apple.

A economia de Santa Catarina é uma das que estão levando vantagem com essas disputas. As compras chinesas foram decisivas para o crescimento de 37% das exportações de carne de aves de SC no período de janeiro a julho deste ano e de 36,3% de carne suína. Nos últimos meses, também cresceram os contratos para exportações aos EUA.

Um dos setores beneficiados é o de móveis de madeira, segundo informações da Federação das Indústrias do Estado (Fiesc).

É positivo exportar mais, mas vender ao exterior não pode ser algo temporário, alerta a presidente da Câmara de Comércio Exterior da Fiesc, a economista Maria Teresa Bustamante.

– A guerra comercial entre os Estados Unidos e China proporciona vários efeitos positivos para Santa Catarina. Primeiro, tem mostrado na balança comercial um aumento exponencial de exportações de carne suína, carne de frango e de soja. Não há dúvidas que a China vai tentar encontrar no mundo vários fornecedores de soja para deixar os Estados Unidos de lado – afirma Bustamante.

Abertura de mercado

Segundo ela, há a contrapartida de as empresas catarinenses poderem aproveitar também o mercado que se abre nos Estados Unidos em função dessa guerra comercial. Para ela, os EUA é um mercado a ser bem trabalhado, conhecer a cultura. Se essa guerra continuar, não há dúvidas de que é uma oportunidade prefeita para empresas catarinenses avançarem de forma mais consistente no mercado americano, com laços comerciais duradouros.

A economista alerta que essa guerra entre EUA e China, como começou pode terminar de uma hora para outra com um acordo e tudo voltar como era antes. Até porque muitas empresas atingidas pelas medidas de Trump contra a China são de capital americano. Como não dá para esperar essa disputa para sempre, não é recomendável aumentar muito as exportações agora. O ideal é se preparar para ter uma presença consistente, de longo prazo, no exterior.

Como não dá para esperar essa disputa para sempre, não é recomendável aumentar muito as exportações agora. O ideal é se preparar para ter uma presença consistente, de longo prazo, no exterior.

– Apesar da situação favorável no momento, as empresas catarinenses devem focar o mercado externo com visão de futuro, competitividade, não dependendo de taxa cambial, nem de guerra comercial. As vendas externas têm que ser sustentadas por política interna da empresa focada em vantagens competitivas para permanecer no mercado mundial. A empresa  tem que estar sempre à frente da concorrência. Isso é condição sine qua non – recomenda Bustamante.

Tecnologia movimenta ainda mais o cenário

A estratégia de presença global com liderança tecnológica é a razão de sucesso de grandes empresas de SC como a WEG, Tupy, Embraco, pelas grandes companhias de proteína animal como BRF, JBS e Aurora e outras empresas de médio e até de pequeno porte. Uma novidade recente são as empresas de tecnologia exportadoras, especialmente de Florianópolis, Joinville e Blumenau.

Na última quinta-feira (15) o presidente do Sebrae nacional, Carlos Melles, alertou durante o Startup Summit, em Florianópolis, que uma das grandes diferenças das pequenas empresas do Brasil frente a de países desenvolvidos é que as dessas outras nações são grandes exportadoras.

O espaço oportunizado pela guerra comercial EUA-China pode ser uma abertura de janela para empresas iniciarem uma presença permanente e consistente no mercado internacional.

Via NSCtotal – Coluna Estela Benetti