Como era esperado, o impacto da pandemia no Produto Interno Bruto (PIB) do país no segundo trimestre do ano foi pesado. Houve queda de 9,7% frente ao trimestre anterior e de 11,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Também era esperado que a economia de Santa Catarina sofreria menos por estar em ritmo maior de atividade. A projeção da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Sustentável (SDE), confirma isso. No período anualizado de quatro trimestres até junho, a queda do PIB de SC foi projetada em -1,3% enquanto a retração nacional, na mesma comparação, segundo os dados do PIB do IBGE, alcançou -2,2%, um recuo bem maior.

A SDE faz essa estimativa, coordenada pelo economista Paulo Zoldan, porque o PIB oficial do Estado sai dois anos depois. De acordo com as projeções da secretaria, no ano de 2019 o PIB catarinense cresceu 3,3% enquanto o Brasil teve alta de 1,1% (dado oficial do IBGE). No período anualizado finalizado em março, a estimativa é de que o PIB estadual perdeu 0,7 ponto percentual e fechou em 2,6%. Já a pandemia empurrou o período anualizado para o negativo de -1,3% no período fechado em junho.

A variação anualizada do PIB Brasileiro de -2,2% resultou do recuo de 2,5% da produção industrial, 2,2% da produção de serviços e 1,5% da agropecuária. No caso do PIB estadual, segundo as estimativas da SDE, nos últimos 12 meses, a agropecuária catarinense teve crescimento acumulado de 3,2% com alta de 6,8% da pecuária e 0,4% da agricultura. O setor não parou na pandemia por ser essencial e teve ganho com aumento das exportações, principalmente de carne suína e soja.

A indústria do Estado sofreu mais que a nacional no período. A indústria geral catarinense teve queda de 6,8% e a indústria de transformação recuou um pouco mais, 7,6%. O único setor industrial que cresceu foi o de alimentos, com alta de 2,5%. As maiores quedas ocorreram na metalurgia (-21,7%), fabricação de veículos (-15,7%), vestuário (-14,9%) e minerais não metálicos (-13,5%). A construção civil cresceu 4,1% com a rápida retomada após o lockdown e as novas condições econômicas como juros baixos e o auxílio emergencial.

Os serviços, que no PIB reúnem também o comércio e têm o maior peso na geração de riquezas, cresceu 0,4% no período anualizado em SC até junho. O resultado positivo resultou da alta de 6,1% do comércio e 3,3% dos serviços domésticos. Os serviços prestados às famílias caíram -13,1%, seguidos por serviços de informações (-6,3%), atividades profissionais (-3,2%), transportes (-2,3%) e administração pública (-0,6%).

O resultado melhor de Santa Catarina tem a ver com a diversificação da economia do Estado, competitividade e exportações. Pelo nível de atividade em julho e agosto e projeções para setembro, o Estado terá, novamente, resultado acima da média do país. Indicadores importantes como arrecadação de impostos e emprego formal estão em alta.

E mais um dado indica que a recuperação econômica pós-pandemia vai bem em SC. O Operador Nacional do Sistema (ONS), que controla o sistema elétrico nacional, projetou crescimento de 5% no consumo de energia para este mês de setembro na Região Sul, a maior do país. Para o Norte, estimou alta de 3% e para as demais regiões, queda. O Sudeste e o Centro-Oeste terão recuo de 0,8% e o Nordeste, de 0,5%.

Apesar do ritmo maior, tanto da economia catarinense quanto do Brasil, a pandemia continua grave e não dá para visualizar uma retomada econômica consistente porque o país corre o risco de novas ondas da doença, que ainda não tem vacina, nem cura. E mesmo melhor, a economia de SC ainda sofre com o novo coronavírus e depende muito do mercado interno.

Via NSCTotal – Coluna estela Benetti