Qual o segredo desta cidade?
Com apenas 1,04% de sua população considerada analfabeta, São João do Oeste, município localizado no Oeste do Estado, ficou em segundo lugar no levantamento preliminar do Censo 2010 – realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – que elaborou o ranking do analfabetismo do país. Mas, o que a cidade tem ou faz de especial para estar tão bem colocada nesta lista? O DC visitou o município e encontrou uma população que dá muito valor à educação e que está empenhada em retomar a liderança do ranking, ocupada hoje pela cidade de Feliz (RS).
Mesmo fora da liderança do ranking do IBGE, São João do Oeste continua sendo referência no Estado e no país como exemplo a ser seguido. Afinal, apenas 1,04% da população não sabe ler nem escrever.
O secretário de Educação do Município, Denílson Grasel, destaca que desde o início da colonização, em 1926, os pioneiros preocupavam-se com a religião e o ensino. Os próprios moradores pagavam um professor. A comunidade também via o ensino como fator de desenvolvimento e isso veio até os dias atuais.
O investimento da prefeitura em educação é de 26,5% do orçamento, mais dos que os 25% recomendados por lei. Grasel destaca que o município tem um plano de carreira do magistério, no qual o piso é de R$ 1.442 para o magistério, sobe para R$ 1,9 mil com graduação, R$ 2,1 mil com pós-gradução e mais 10% para mestrado e doutorado. Além disso, há adicionais como vale-alimentação, 2% para cursos com mais de 120 horas e 2% de anuênios. Todos os professores estáveis têm pós-graduação. Para a professora municipal Roseli Pill Friedrich, o bom desempenho do município é resultado do esforço dos professores, que buscam capacitação, e do interesse dos alunos, fruto do incentivo que eles recebem em casa.
– Muito vem da família – disse
Para a diretora do Centro Educacional São João do Oeste, Jacinta Jungblut Dill, um dos diferenciais é a atualização do acervo da biblioteca e disponibilidade de material de leitura nas salas. Além disso, ela cita a oferta de aulas extras de inglês, alemão, canto e informática, o reforço escolar desde o início do ano letivo – que permite recuperar alunos com dificuldades – e a disciplina.
– Aluno não pode faltar dois dias a não ser por atestado médico – disse.
Os alunos são conscientes da importância do ensino.
– É importante pro futuro – afirmou Matheus Hammes Kessler, 11 anos, da 5ª série.
Os pais também têm participação efetiva na formação.
– Eles me ajudam na tabuada sempre – disse Patrícia Sommer, 10 anos, também da 5ª série.
Cidade foi surpreendida pelos números do IBGE
Em São João do Oeste o resultado não foi tão comemorado, já que a cidade perdeu a liderança que mantinha desde o censo de 2000.
– O número de analfabetos era maior do que imaginávamos – disse o secretário de Educação do município, Denílson Grasel.
A prefeitura tinha um levantamento de cerca de 30 analfabetos e, no Censo de 2010, apareceram 55 dos 6.036 moradores.
– Pode ser que os recenseadores tenham sido mais rigorosos ou as pessoas não expressaram sua real condição – avaliou o secretário.
A responsável pela unidade de Supervisão de Documentação e Disseminação de Informações do IBGE em SC, Sueni Juraci de Mello dos Santos, informou que os conceitos utilizados para considerar uma pessoa alfabetizada foram os mesmos em 2000 e 2010. Ela ressaltou, porém, que os dados divulgados até agora são preliminares e podem sofrer alterações.
DARCI DEBONA | São João do Sul