Governos na encruzilhada

Ultimamente, boa parte das notícias que veiculam nos meios de comunicação tem seu conteúdo voltado ao poderio e afrontamento das autoridades, dificultando o entendimento do seu conteúdo. Por sua vez, os receptores, atordoados com tanta negação proferida pelos gestores, ou se retraem, amedrontados com as reações, ou partem para o confronto.

Tudo que se pressupõe acima pode ser confirmado nas ações, a começar pela presidência da maior potência mundial. A suspensão dos acordos como o Transpacífico com a União Europeia e outros culminaram em guerra comercial direta, como a da China. Por si só, o mercado está de ponta cabeça, com a bolsa caindo e o dólar subindo.

Enquanto isso, em Brasília todo santo dia há motivos para algumas críticas, quer seja com autoridades estrangeiras, por força da proteção ao meio ambiente, com membros do governo que não comungam dos mesmos interesses, ou com os que remam ao contrário, como os adversários políticos. E a lenha comendo nos noticiários.

Por aqui mesmo, depois de ter que ceder à Assembleia Legislativa no que se refere aos benefícios fiscais, como da água para o vinho, após estender tapete vermelho aos diversos setores da economia, agora o Executivo, numa tremenda pisada na bola, está voltando à estaca zero com a situação dos agrotóxicos. Nessa linha do “eu sei, eu quero”, há prefeitos tendo que retroceder nas atitudes impensadas ou sem a devida clareza. E isso poderia ser solucionado numa conversa com quem entende do assunto ou se sente prejudicado.

 

Avaliando as mudanças 
O que estaria acontecendo com esses mandatários: seria o endeusamento pelo poder? As assessorias estariam pecando ao induzir às tomadas de decisão desprovidas de fundamento ou de conhecimento de causa em prejuízo não só de um segmento, mas de uma população, independentemente se simpática ou não? Liderança não se faz com imposições, mas, sim, ouvindo de forma democrática, cujas boas ideias convergem em benecífio, senão de todos, mas da maioria. Toda e qualquer mudança deve ser avaliada e, se possível, com implementação gradual.

O revés
Donald Trump voltou atrás em mais sanções de aumentar tarifas, porque afetaria exatamente empresas americanas que produzem no gigante asiático, entre as quais a Apple. No país, Bolsonaro retrocede, como na indicação de membro efetivo à direção do Coaf. Em SC, Moisés está disposto a ouvir amanhã a classe empresarial a respeito dos benefícios fiscais retirados e tributados em 17%. Compete aos governos o entendimento, dentro de uma lógica consensual, de dar andamento às negociações para que as ações surtam efeitos positivos. As vaidades, os interesses menores devem ser superados, ainda que discordando, saindo das encruzilhadas.

Reforma tributária 
Passada a primeira fase da reforma da previdência, neste semestre a Tributária tende a ganhar centralidade no debate político, segundo o presidente da Fenafisco, Charles Alcântara. A entidade segue acompanhando e monitorando no Parlamento tudo que respira tributação.

Dicas de português
A sós. Ao contrário do adjetivo ‘só’, que varia em número (Ele está só/Eles estão sós), o advérbio só (=somente) e a locução adverbial ‘a sós’ não variam. Ex.: 1) Gostaria de ficar a sós com você por alguns instantes. 2) Nunca nos deixam a sós por mais de dez minutos. Fonte: Esat/SEF/PR.

Refletindo 
“A boa gestão profissional passa necessariamente por qualificação, capacitação e formação das pessoas que por lá atuam”. Uma ótima semana!

Por Pedro Herminio Maria – Auditor Fiscal da Receita Estadual SC