Clamor para sair da crise

“Não há brasileiro consciente que não perceba que, se não houver uma reformulação estrutural na administração pública, o país é o mais forte candidato a seguir a desastrosa trilha de Maduro, o tiranete venezuelano”. Com este desabafo, o jurista Ives Gandra da Silva Martins, preocupado com o quadro atual e considerando a inércia dos candidatos à presidência, abre o verbo no Estadão com uma matéria intitulada “Um país à deriva sem reformas”.

A “marolinha” de 2008, dita pelo então presidente Lula, e transformada em onda, conforme palavras da ex-presidente Dilma (2015) numa viagem a Bruxelas, no mandato tampão do governo Temer, em que se respirava esperanças de tempos melhores, a crise econômica/política segue com ondas fortíssimas. Com a dívida pública explodindo na casa dos 80% do PIB (Produto Interno Bruto), podendo chegar ao fim do mandato do futuro presidente em 100%, ultrapassando os países desenvolvidos, sem perspectivas, o quadro é preocupante.

Burocracia, corrupção e o desperdício do dinheiro público formam um tripé dos mais perniciosos e arcaicos, corroendo tudo o que está pela frente. Onde estão as propostas dos pré-candidatos? Pelo que se tem notícia, preferem fugir das discussões polêmicas.

Até o momento, a concreta das reformas é somente a trabalhista. As demais, previdenciária, tributária, política, judiciária, entre outras, estão todas enterradas. E, para piorar, o governo não conseguiu sensibilizar os futuros candidatos a encará-las.


E ainda 

O eleito terá que fazer as reformas necessárias a um custo político maior do que aquele em que teria apoiado as propostas no passado. Projeto político para país, nem pensar. Com o Executivo e o Legislativo acuados em administrar e legislar, delegou-se ao Judiciário e ao MP determinar as ações, norteando o que e como tocar o Brasil.

Juntando forças 
Resta à sociedade, por meio das instituições privadas, as devidas reflexões política, econômica, jurídica e social, nas quais melhor se detectam os problemas nacionais, desvinculados de uma ambição política imediata, o que o país efetivamente precisa.  Para Gandra Martins, colocar na mídia seus pontos de vista, suas preocupações, suas ideias, e propostas de soluções é um caminho para que o vazio das propostas conhecidas até o momento seja substituído por algo que possibilite tirar o país da crise.

Pauta bomba
Os mesmos parlamentares que lutaram para que as reformas não caminhassem, ou pelo menos que obtivessem propostas de emendas, digamos, descentes, sem paixões, ranços políticos, com visão de país e espírito público, agora, como vingança, praticam o antigoverno. Uma série de matérias que levará o futuro governante a abrir mão da comprometida receita, como a concessão de anistias, isenções, rejeições de vetos, o impedirá de equacionar uma série de demandas aguardadas pela sociedade. Segundo os cálculos, pode chegar na casa dos R$ 100 bilhões os efeitos da pauta bomba.

Por essas e outras 

Se está no dito popular que “quem planta vento, colhe tempestade”, pode estar certo que o povo está de olhos arregalados com esses “pseudos” políticos que pregam uma coisa e praticam outra. Se ajeitam nos seus postos, perpetuando a linhagem. Enriquecem, enquanto milhares passam necessidade. Chega de promessa. O povo quer sentir firmeza em quem planeja, pratica e partilha ações, fazendo com que os recursos públicos sejam bem aplicados. Por essas e por outras, muitos ficarão na estrada.

Refletindo 

“Quem faz o que adora não reclama de trabalho; diverte e é saudável”. Dona Edith – Perfumaria Santo Anjo. Uma ótima semana!

Por Pedro Hermínio Maria – Auditor Fiscal do Estado de SC