Um novo ciclo

Peço licença aos leitores que acompanham a coluna há cerca de 20 anos (que vai prosseguir no DS/Tubarão-SC) para sintetizar um pouco da caminhada fazendária.
Como num filme, tudo passa muito rápido: as pessoas nascem, se desenvolvem e envelhecem. Período que nem todos vivenciam, quando não se dá o direito de enfrentar os desafios, participar e compartilhar. O refrão de uma antiga propaganda cantada se referia assim: “[…] o tempo passa, o tempo voa, e a poupança Bamerindus continua numa boa”. Nada mais verdadeiro quanto à primeira parte; parece ontem, quando iniciamos, em São Miguel do Oeste, a empreitada que ora se finda. E a segunda, inclusive a poupança que outrora fora o carro-chefe dos apostadores das suas reservas, há muito que não empata com a inflação. Quanto ao banco? Ah! Sofreu metamorfose.
Nos 38 anos, nove meses e alguns dias na carreira que também passou por mudanças, inclusive de nomenclatura: fiscal de tributos estaduais para auditor fiscal da receita estadual. Foram também de evolução: a sistemática de cunho “repressivo”, do “serrar de cima”, em que você tinha que imprimir autoridade para autuar, aos novos métodos, os atuais “preventivos”, dos quais tive a oportunidade de participar da construção do aconselhamento, da parceria pelo “diálogo”, do prevenir. Deixando claro que jamais foram tirados o direito e a liberdade de autuar e, de forma rígida, com quem quisesse ludibriar o fisco. Não se deve confundir sonegação: aquela em que o sujeito safado apronta e some do mapa, que se acha no direito de praticar outras ilicitudes envolvendo frágeis autoridades políticas ou constituídas, deixando rastros de débitos, tornando-se um ativo sem consistência (vide parcela da monstruosa dívida ativa), com inadimplentes: que encontram dificuldades de se manterem estabelecidos para sobreviver, honrar seus compromissos, resolver problemas, voltar a crescer, gerando empregos e rendas.

Nada de tristeza

Desafios… se encontrá-los? Se supera. Nada mais do que estímulos a novos enfrentamentos que, com certeza, surgirão. Não se tem sucesso sem percalços, e até fracassos. Na trajetória dos preparativos, do afastamento familiar, do trabalho exigente, do profissionalismo, da aceitação, tudo leva a crer que valem os resultados.
Enfim, a portaria. E quando você imagina que tudo está sacramentado, surgem os perrengues da comprovação do seu tempo de trabalho, já apresentado décadas anteriores. Porém, novamente a necessidade de garimpar junto a entidades, com seus nomes e endereços modificados, para comprovar o mais que provado, registrado. Outra batalha: a da espera no órgão responsável pelos proventos de aposentados. Lá se foram sete meses. Fica a impressão de que alguns setores do serviço público, do qual tanto se lutou para melhorias, continuam patinando em plena era tecnológica. Não se renega os anos de convívio, mas assim não pode continuar. Ou então se deve aceitar a pecha de paquiderme. E mais um mês, da assinatura à publicação, em 22 de setembro, dia do contador, profissional que, pela singela contribuição, é hoje um grande parceiro na prática da justiça fiscal. Lembrando que 2022 é ano de eleições e Copa do Mundo.

Gratidão
Se no meio do caminho as pedras surgem, da mesma forma,as energias próprias, de familiares e de amigos, as tornam leves, sendo removidas. O que se leva? Tudo! Menos rancores de quem pensava em nos prejudicar. Gratidão no exercício do cargo de carreira, nas múltiplas funções, entre as quais a de gerente da Fazenda, em Tubarão, e diretor da Escola Fazendária, na capital. Muitos momentos de desfrutes e realizações, de companheirismo, de colegas que nos estenderam as mãos e também de outros que galgaram degraus. Muita história a ser narrada na obra em elaboração. Uma certeza: sem rancor; somente gratidão à família, amigos e a Deus. Avante ao novo ciclo.

Refletindo
“Seja fiel com o dinheiro público votando, no próximo domingo, em candidatos que não se corromperam”. Uma ótima semana!

 

Por Pedro Hermínio Maria – Auditor Fiscal da Receita Estadual