Superando o mar vermelho

Os acontecimentos no âmbito da ciência, religião, economia entre outros, norteiam as histórias, assim como a política, que em 2018 instigou entre direita e esquerda o duelo em busca de poder, e que se mantém atual, ao ponto de suplantar os interesses de Estado. Aqui a pressão culminou em dois processos de impeachment sobre o governador. Com os arquivamentos, há tendência dos ânimos se esfriarem. Será?
Independente das causas, as consequências foram danosas, visto que se sobressaia a necessidade da tomada de poder, a qualquer custo, ainda que suscitasse uma investigação profunda, no desvio das verbas carimbadas para aquisição dos 200 respiradores, até então a merecer uma explicação do próprio governo.
Com placar favorável, passado o turbilhão, na caixa de surpresa, faturas salgadas a serem honradas e, então, projetos embrionários ou retirados de gavetas comporão, ao lado dos em execução, o rol das prioridades.

Saída e retorno
Na interinidade, alternâncias foram efetuadas dentro dos órgãos e secretarias, atendendo a performance governamental. E cada responsável passou a impor sua digital, mesmo que dentro da filosofia organizacional, com seus subordinados e com os quais se relacionavam. Bem verdade que o tempo foi curto, porém, em alguns, o suficiente para deixar uma marca, principalmente no que se refere ao diálogo e transparência das ações. Na mesma velocidade, a renomeação galgou às funções antes exoneradas. Não se tem dúvidas de ter havido transição respeitosa com a incumbência de relato do que acontecera no período. Indo além, manter ou aprimorar feitos validados por segmentos ou sociedade por gestores que antecederam, engrandece e contribui para solidificar atos futuros.

Dinheiro novo

Com caixa forrado diante de tanta demanda, nunca se tem o suficiente para supri-la. Os aportes aos setores afetados, com juros subsidiados, prazos de carência e pagamentos prolongados são fatores que amenizam as agruras possibilitando reerguer-se na esperança de vida nova. Lamentável o que vivenciado ao almoçar num tradicional restaurante da capital e ouvir os lamentos de seus proprietários sobre a ausência de clientes devido ao home office, em ruas com pouco movimento. Para esses, o olhar atento do governo estendendo-lhes a mão até que se normalize a circulação das pessoas adentrando nos ambientes, fazendo suas refeições.

E ainda 
Não menos diferente daqueles que perderam seus empregos ou negócios e sequer receberam algum reforço do governo federal. Assim como projeto tramitando na Câmara de Vereadores de Florianópolis, o Estado disponibilizar uma quantia e de forma humanizada saciando as necessidades básicas, minimizando o sofrimento. Estendendo a manta na medida da cama, sem tentar reinventar a roda, pois do calvário enfrentado restaram lições profundas, como a de possibilitar a travessia do revoltoso mar vermelho.

Sobre reformas 
Tem tudo para que a reforma administrativa seja empurrada para depois das eleições. Assusta quando o pleito acontecerá só em outubro de 2022. Mas nenhuma surpresa. Depois do extragordo orçamento (R$ 3 bilhões) aos parlamentares, negociar é preciso pela sobrevivência no poder. E o desfecho da tributária está previsto para andar a passos largos. Com propostas fatiadas, aguarda-se a aprovação para fins deste exercício. Até lá, muita grana a jorrar e água a passar por baixo da ponte.

Refletindo
“Abolição das amarras e negações, das doenças e inseguranças, da prepotência e da ganância que produzem a escravidão encoberta nas atitudes e projetos arquitetados, em prol de vidas mais humanas, justas e corretas”. Uma ótima semana!

Por Pedro Hermínio Maria – Auditor Fiscal da Receita Estadual