Na reunião da última semana, os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) destacaram que uma diminuição de incertezas no âmbito doméstico gerou redução dos prêmios de risco embutidos nos preços dos ativos brasileiros. Essa menor incerteza está por trás da melhora do balanço de riscos para a inflação que já havia sido apontada pelo colegiado ao divulgar a decisão de manter a taxa básica de juros em 6,5% ao ano. A avaliação, agora mais detalhada, consta da ata da reunião, divulgada nesta manhã.

Segundo o documento, os riscos negativos para a trajetória da inflação — frustração com continuidade de reformas e deterioração do cenário externo — continuam sendo superiores aos riscos positivos — entre eles, a ociosidade elevada da economia –, mas essa assimetria diminuiu em relação à última reunião, realizada em setembro.

O documento não faz nenhuma referência direta ao processo eleitoral, mas a liderança do candidato Jair Bolsonaro (PSL) nas pesquisas e sua posterior vitória na disputa foram decisivas para alimentar o otimismo do mercado no período recente, com impacto positivo sobre o dólar e os juros futuros. Bolsonaro é identificado com uma agenda econômica mais liberal.

Ainda segundo a ata, os membros do Copom mantiveram a avaliação de que a conjuntura econômica requer que o comitê mantenha flexibilidade na condução da política monetária, por isso a decisão de seguir não fornecendo indicações sobre seus próximos passos.

O Copom projeta que nos próximos meses haverá uma elevação da inflação no acumulado em 12 meses. A expectativa é que o indicador atingirá um pico por volta do segundo trimestre do próximo ano e seguirá em queda até o fim de 2019 em direção à meta, de 4,25% ao ano.

Ao avaliar a conjuntura internacional, os membros do Copom reforçaram a avaliação de que o cenário é desafiador, com riscos associados principalmente ao processo de alta de juros em economias avançadas e a incertezas relacionadas à continuidade da elevação do comércio global, com impacto sobre o crescimento das economias, principalmente a chinesa.

O entendimento do colegiado é que, apesar de o apetite ao risco das economias emergentes ter apresentado estabilidade em relação à reunião anterior, em setembro, após meses de piora, essa estabilização se deu em níveis aquém dos vigentes no início do ano.

O Copom frisou, nesse contexto, a capacidade da economia brasileira de absorver revés no cenário internacional devido a um balanço de pagamentos robusto e a um ambiente com expectativas de inflação ancoradas e perspectiva de recuperação econômica.

A ata detalha, ainda, que os membros do Copom decidiram retirar de seus próximos comunicados a mensagem de que não há relação mecânica entre choques que produzem ajustes de preços relativos e a política monetária. A avaliação é que essa mensagem já está clara e que sua retirada não deve ser interpretada como mudança na condução da política monetária.

 

Via Valor Econômico