A Celesc vai abrir em 2021 uma comercializadora de energia para atuar no mercado livre. A informação é do presidente da companhia, Cleicio Poleto Martins, ao destacar que o conselho de administração já autorizou a abertura da nova empresa. Em 2020, a empresa catarinense de energia anunciou que fechou o ano com o maior lucro e o maior investimento da sua história, R$ 518,7 milhões e R$ R$ 671 milhões respectivamente.

Atualmente, somente consumidores empresariais podem contratar energia no mercado livre, onde conseguem preços até 35% mais baratos. A maioria dos contratos são de indústrias. Mas há uma mobilização para a abertura total do mercado para a comercialização livre, o que permitirá que consumidores residenciais também escolham seus fornecedores. E isso deve deve resultar em preços finais, em média, 30% menores, apontou estudo deste ano da consultoria Thymos Energia, divulgado pela Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel).

– Nós revisitamos nosso plano diretor, que já foi aprovado pelo conselho de administração da empresa, e a ideia é que neste ano nós tenhamos uma comercializadora. Aí, poderemos avançar no mercado livre – explica Poleto Martins.

Ao comentar os resultados da empresa no ano passado, Martins explicou que, para as indústrias, a  Celesc presta serviço principalmente no transporte de energia e não sobre contratos de consumo. Se também comercializar, pode ter resultados melhores vindos desse setor. Atualmente, a Celesc fornece apenas 150 MW para indústrias no Estado que estão migrando para o mercado livre.

A propósito, a indústria catarinense fechou o ano passado com queda de 2,93% no consumo total de energia (incluindo mercado cativo e livre). O consumo residencial cresceu 4,53%, o comercial caiu 5,90% e o rural recuou 0,895. O consumo total faturado teve queda de 1,33%.

Investimento recorde

Quanto aos investimentos de 2020, a companhia chegou a projetar redução no início da pandemia, mas depois conseguiu executar mais projetos e fechou o ano com a maior cifra investida em sua história, R$ 671 milhões. Desse total, R$ 630 milhões foram para distribuição, incluindo novas subestações de energia e o Celesc Rural, que já beneficia 233 mil das 500 mil famílias do campo em SC. Em geração, a empresa investiu R$ 41 milhões na ampliação da PCH Celso Ramos, em Faxinal dos Guedes.

A Celesc também fechou 2020 com os melhores indicadores de qualidade de energia da história. A DEC (Duração Equivalente de Interrupção por Consumidor) e FEC (Frequência Equivalente de Interrupção por consumidor), registraram no ano passado 9,2 e 6,7 respectivamente. Isso apesar de o Estado ter enfrentado eventos naturais extremos.

Um desses eventos foi o ciclone bomba em 30 de junho e 1º de julho, quando a metade dos consumidores ficou sem energia – além de outros três tornados com danos menores no Estado. Mas a queda de consumo em pandemia também assustou o presidente Cleicio Martins.

Apesar da pandemia, a Celesc manteve os investimentos na área social. Destinou R$ 5 milhões para 37 projetos culturais, 12 na área de esportes, fez doações para entidades beneficentes e destinou R$ 1,2 milhão para os fundos estaduais de infância, adolescente e idoso.

Futura revisão tarifária

Em função da série de eventos climáticos e do dólar alto, a energia está mais cara no Brasil e a expectativa é de que as contas de luz tenham alta média de 15% este ano. Em SC, a tarifa mudará em agosto, quando entrará em vigor a revisão tarifária da Celesc, com cálculos da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Mas, segundo o presidente, ainda é cedo para estimar uma alta aproximada porque diversos fatores estão influenciando para cima e para baixo.

Ele explica que a devolução da cobrança de PIS e Cofins sobre ICMS no período de 2017 a 2014 está julgada e falta apenas a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) dizer como será a devolução aos consumidores. Essa conta deve reduzir em 1,6 ponto percentual o reajuste deste ano. E o fato de a Celesc não ter investido R$ 200 milhões em eficiência energética, devolvendo R$ 120 milhões, vai permitir cobrar 1,5 ponto percentual a menos na conta.

Na outra ponta, existe a pressão do dólar sobre a energia comprada de Itaipu (18% do total consumido em SC). Existem também bandeiras tarifárias do ano passado que não foram cobradas em função da pandemia e que devem começar a entrar na conta.

Via NSCTotal – Coluna Estela Benetti