No começo, não era a verba, era o verbo.

A humanidade não tem que se adaptar às necessidades e interesses dos agentes econômicos. A economia é que tem que se adaptar às necessidades da humanidade.

As bolsas, o mercado, o câmbio, os juros, os lucros, o equilíbrio fiscal e tudo o mais que tenha sido criado pela inteligência humana, só faz sentido se se prestar a melhorar a vida em sociedade e a possibilitar uma existência social, econômica e ambientalmente saudável e sustentável.

Entrevistado pelo programa Roda Viva, da TV Cultura, edição do último dia 30 de março, o biólogo Atila Iamarino, aludindo aos efeitos da pandemia de covid-19, declarou que o mundo não voltará a ser o que era antes do coronavírus.

O vaticínio de Atila põe-se além do pensamento freireano, segundo o qual o mundo não é, está sendo, no sentido de que tudo – o mundo e o ser humano – está em permanente estado de transformação, de vir-a-ser.

Atila dá ao evento presente uma importância histórica de grande magnitude, porque instaurador de um novo mundo, de um novo tempo.

Os acumuladores de renda e riqueza, que no Brasil figuram entre os mais vorazes e compulsivos do planeta, têm que ser chamados a assumir novas responsabilidades nesse novo mundo pós-pandemia.

O mundo não será mais o que era.

O Brasil não será mais o mesmo, não pode mais ser o mesmo, com tantas desigualdades, com tanta acumulação e fartura de um lado, e tanta pobreza e ausência do outro.

Esse novo mundo está a demandar mais solidariedade nas relações sociais, mais distribuição de riqueza nas relações econômicas, mais contribuição dos ricos nas relações tributárias, mais Estado e serviço público e menos mercado na vida das pessoas.

Por Charles Alcantara, presidente da Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital – Fenafisco

 

Via Congresso em Foco