Enquanto busca reverter suspensões, setor conquista novos mercados no exterior.

Apesar das turbulências econômicas causadas pela greve dos caminhoneiros e os embargos da Rússia à carne suína e da União Europeia à carne de frango, a agroindústria catarinense conseguiu fechar o primeiro semestre deste ano com resultados positivos.

Mais da metade da carne suína exportada pelo Brasil sai de Santa Catarina. Da exportação nacional de carne de frango, 30% é proveniente das propriedades catarinenses.

“Eles [os produtores] entenderam que estão num negócio que tem de primar pela eficiência. Eu digo, sinceramente, se todos os estados fossem iguais Santa Catarina, nós seríamos um grande país produtor de alimentos. Nós somos o maior país produtor de alimentos, mas estaríamos produzindo disparadamente, fantasticamente, para o mundo”, afirmou o presidente da Confederação Nacional da Agricultura João Martins.

Desafios

Desde dezembro do ano passado, com o embargo da Rússia à carne suína, e três meses depois, com outro embargo da União Europeia à carne de frango, sobraram produtos nas prateleiras dos mercados nacionais.

Além disso, a novidade ocasionou a determinação de férias coletivas em diversas agroindústrias. Muitos aviários devem ficar vazios até janeiro de 2019, quando o setor da agroindústria a que são integrados deve retomar os abates de frangos.

Se no campo a situação ainda é indefinida, nas fábricas foi pior. Em julho, houve 350 demissões em uma única empresa.

“Deu um impacto (…). No momento tu chora, não sabe o que vai fazer. Tantos anos tu ali, teus colegas sendo demitidos”, disse Edília Marinho.

Credibilidade ameaçada

O Sindicato das Indústrias de Carnes (Sindicarne) alega que a operação Carne Fraca, da Polícia Federal, colocou em xeque a credibilidade da inspeção sanitária brasileira e desencadeou uma série de outros problemas.

“As tratativas continuam com a Europa, na busca de tentar reverter essas suspensões. Foi feito um trabalho muito grande por parte do Ministério da Agricultura com algumas mudanças de operação, de funcionamento do sistema”, afirmou o diretor executivo Sindicarne Ricardo de Gouvêa.

Depois dos impactos causados pelos embargos, veio a greve dos caminhoneiros. Animais não foram abatidos, filhotes não foram para o campo.

A crise foi ainda maior e a preocupação com a agroindústria se tornou nacional.

“Os insumos que vão para as granjas, das granjas que vão pros processadores, pros abatedouros… ou seja, depois pro mercado final. Então o sistema de transporte deficiente como a gente tem, baixa qualidade, mostrou toda a fragilidade há dois meses”, afirmou o gerente da Confederação Nacional da Indústria Flávio Castelo Branco.

Novos mercados

Apesar de tudo o que aconteceu, nos seis primeiros meses deste ano, o estado ainda exportou mais do que no mesmo período do ano passado.

aumento foi de 14% para os suínos e 22% para a carne de frango, com a conquista de novos mercados.

“Santa Catarina, como ela atingiu um status sanitário diferenciado, também exporta produtos bem mais elaborados, de valor agregado. Vamos dizer assim, então, que permite estarmos hoje à frente, tanto é que os demais estados estão tentando agora se tornar livres sem vacinação para tentar atingir esses mercados também”, afirmou Gouvêa.

ViA  G1 SC.