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Apesar da inflação e dos juros altos, Santa Catarina fechou fevereiro com crescimento de 3,4% nas vendas do varejo ampliado frente ao mês anterior, na série com ajuste sazonal, segundo dados do IBGE. No acumulado dos últimos 12 meses, ficou em 9,6%, acima dos 9% do mês anterior, quando também cresceu nesse indicador, que inclui veículos e materiais de construção. No acumulado do ano a alta ficou em 5,9% e em relação a fevereiro de 2021, subiu 7,7%.

No varejo restrito, também em volume, SC registrou alta de 1,8% em fevereiro frente ao mês anterior na série com ajuste, cresceu 1,9% no acumulado de 12 meses, 1% no ano e 1,5% frente ao mesmo mês de 2021. No Brasil, o varejo restrito subiu 1,1% em fevereiro frente ao mês anterior e 1,7% em 12 meses, enquanto no varejo ampliado, teve alta de 2% ante janeiro e de 4,8% em 12 meses.

A comparação com a receita nominal, também apurada pelo IBGE na Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) dá uma ideia do peso da inflação para o bolso do consumidor. Em SC, no caso dos combustíveis e lubrificantes, as vendas cresceram no mês de fevereiro 3,2% no acumulado dos últimos 12 meses. No mesmo período, a receita nominal para esse grupo de produtos teve alta de 51,5%, em sintonia com o aumento dos preços de combustíveis do período.

No caso dos hipermercados e supermercados, em fevereiro, o volume de vendas teve queda de -2,15% nos últimos 12 meses, mas, na mesma comparação, a receita nominal subiu 10,2%. Isso mostra que acompanhou a inflação geral do período, de 10,54%.

Segundo a pesquisa, as maiores altas de vendas, em volume, nos últimos 12 meses frente ao mesmo período anterior foram registradas nos veículos e peças (29,9%), livros e papelaria (24,5%), produtos farmacêuticos e cosméticos (13,8%), vestuário e calçados (7,1%), materiais de construção (4,5%) e combustíveis (3,2%). As quedas maiores, nessa mesma comparação, foram nos grupos de móveis e eletrodomésticos (-10,3%) e hipermercados e supermercados (-2,1%).

A inclusão das variações considerando 12 meses é porque elas permitem uma leitura melhor da tendência da economia, sem uma série de efeitos sazonais. Apesar dessas altas no início do ano, o cenário para o varejo é de dificuldades no Brasil porque além da inflação e dos juros altos, a partir de 24 de fevereiro, com o início da guerra na Ucrânia, a economia passou a sentir os impactos desse conflito

A guerra pressionou ainda mais os preços de commodities minerais, em especial o petróleo, e agrícolas, como os grãos. Em função disso, ela eleva e prolonga a pressão internacional na inflação, que está fazendo cada vez mais consumidores escolherem entre um produto ou outro na hora da compra.

A tendência é Santa Catarina sentir um pouco menos esse efeito porque registra pleno emprego – taxa de desemprego de 4,3% em dezembro, segundo o IBGE. Mesmo assim, os assalariados perderam muito poder de compra, o que impõe limitação de consumo e de crescimento para o varejo em geral. A liberação do FGTS, com R$ 1 mil para cada trabalhador, somando R$ 30 bilhões no ano, dará uma ajuda para o consumo, mas não deve ser suficiente diante de todas as adversidades econômicas.

Via NSCTotal – Coluna Estela Benetti