A decisão da governadora em exercício, Daniela Reinehr, de trocar de titular na Secretaria de Estado da Fazenda, a pasta mais poderosa do governo, indica precipitação e confiança de que será efetivada no cargo, com o eventual afastamento definitivo do governador Carlos Moisés em menos de um mês. O novo secretário da Fazenda, Rogério Macanhão, que assume na tarde desta segunda-feira sucedendo Paulo Eli, é um técnico respeitado por seus pares e de confiança da governadora, mas para fontes do setor, a mudança só se justificaria na interinidade por um problema técnico importante, o que a equipe de Paulo Eli nega.

Daniela Reinehr disse que ficou surpresa com uma medida necessária em julho próximo pelo fato de o Estado ter superado gastos em 2018, ainda na gestão do govenador Eduardo Moreira, quando Paulo Eli já era secretário. A assessoria da Secretaria da Fazenda informa que esse processo está com o devido acompanhamento. Explica que naquele ano, em função do crescimento da receita estadual acima da inflação, houve aumento do valor necessário às despesas constitucionais obrigatórias para as áreas de saúde, educação e débitos de precatórios, fixadas sobre percentuais da receita de impostos.

 A mudança na Fazenda foi anunciada nesta segunda-feira, logo após o Conselho das Federações Empresariais (Cofem) ter emitido nota defendendo mudanças mínimas no governo até a votação do impeachment para que projetos não sejam interrompidos. Contudo, o que se fala nos bastidores é que Daniela Reinehr está fazendo uma forte articulação política na Assembleia Legislativa para conseguir votação favorável no impeachment. E tanto esse trabalho na Alesc quanto as mudanças no governo contam com aconselhamento do ex-deputado Gelsom Merisio (PSDB), que foi derrotado na eleição ao governo do Estado em 2018 pela chapa Carlos Moisés e Daniela Reinehr, na onda Bolsonaro.

A gestão de Paulo Eli à frente da Fazenda foi marcada pelo trabalho técnico, foco no ajuste de contas e pelo crescimento da arrecadação bem acima da inflação. Auditor fiscal da Fazenda, ele tinha sintonia com as equipes de fiscalização, o que permitiu seguir com crescimento da receita acima da média nacional. Esse resultado diferente tem chamado a atenção de outros estados, mas é mais um fato a evidenciar que hão havia motivo para troca na Fazenda durante uma interinidade.

Essas alterações no primeiro escalão do governo mostram o quanto o processo de impeachment afeta a gestão do Estado e a vida dos catarinenses. Se nada disso estivesse acontecendo, o governo deveria estar cuidando melhor da pandemia, já teria anunciado um auxílio emergencial para trabalhadores e empresas que perderam renda e negociando a reforma da Previdência dos servidores estaduais, tão necessária para reduzir o déficit previdenciário estadual, previsto para R$ 5,2 bilhões este ano.

Daniela Reinehr fez diversas mudanças na primeira interinidade, em novembro, que foram consideradas precipitadas e, agora, volta a fazer o mesmo. Se esperasse o julgamento, o Estado sofreria menos turbulências e descontinuidades.

Via NSC Total – Coluna Estela Benetti