A recuperação é lenta. Mas o primeiro semestre do ano foi bom e o próximo, de julho a dezembro, será melhor ainda. Essa foi uma das avaliações feitas pelo governador Raimundo Colombo (PSD) em coletiva na manhã desta segunda-feira (26) no Palácio da Agronômica, na Capital. Visivelmente mais à vontade com a imprensa do que há um mês, quando se viu no centro da Lava-Jato, foi Colombo quem tocou no assunto. Disse que a quebra do seu sigilo telefônico e bancário servirá para provar que não houve irregularidade.

“Primeiro porque a Odebrecht não tem nenhuma obra em Santa Catarina. E outra questão é que a Casan não foi privatizada”, repetiu. O governador lembrou que a venda da Casan chegou a ser uma hipótese avaliada. Mas afirmou que a administração desistiu da negociação baseada em avaliações técnicas que indicaram que as ações da empresa estavam desvalorizadas. “Foi um momento duro para mim. Passar por tudo isso foi difícil. Mas agora com documentos, atas, conseguimos mostrar que não há nada”, ponderou ele, que também admitiu o desejo de se candidatar ao Senado.

A economia foi outro tema abordado no encontro com a imprensa. Ao comentar relatório preparado pela equipe de comunicação, o governador disse que apesar de tímida, a recuperação no primeiro semestre do ano foi superior às projeções. A arrecadação de ICMS, por exemplo, foi quase R$ 1 bilhão maior na comparação com mesmo período de 2016. Foram R$ 9,101 bilhões arrecadados com o imposto até o dia 20 de julho deste ano, contra R$ 8,2 bilhões no ano anterior. Um desempenho 10% superior. O destaque positivo foi alcançado pelo setor têxtil, com 27% de aumento. O resultado é reflexo do câmbio, que diminuiu as importações da China. “E os empresários catarinenses souberam aproveitar esta janela”, emendou o governador.

Raimundo Colombro governador - em (1)

Foto: Eduardo Montecino/OCP

Com esses e outros números em mãos – como os que apontam para uma economia de R$ 2 bilhões com a Reforma da Previdência feita em Santa Catarina e a renegociação das dívidas com a União, Raimundo Colombo disse estar otimista com o segundo semestre.

Opinião compartilhada com ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, com quem o governador se reuniu na semana passada. “O pior da crise econômica já passou, ainda vivemos as amarras da crise política. Mas vamos encerrar o ano bem mais otimistas do que começamos. Ressaltando que a saída da crise é lenta e gradual”. Um dos desafios agora é diminuir o desemprego que chegou a 14% no país e 6% em Santa Catarina. O Estado, na opinião do governador, apesar das dificuldades soube aproveitar as oportunidades, não aumentando impostos, tendo resultados positivos no veraneio, e também com crescimento da safra e das exportações. Colombo ainda falou sobre as eleições de 2018, BR-280, crise política nacional e Fundam.

Futuro político

Questionado sobre quais são os planos para 2018, Raimundo Colombo confirmou ter a intenção de disputar uma vaga no Senado. Na visão dele, a experiência adquirida ao longo da sua trajetória política são credenciais para tanto. “Se for para o bem de todos, para ajudar Santa Catarina. Mas se tiver alguém melhor, eu ajudo também”. Os planos de Colombo envolvem renúncia no dia 6 de abril de 2018, seguindo o que prevê a atual legislação eleitoral. Na avaliação dele, que já disputou 10 eleições, quem deixa o governo é avaliado pelo sucesso ou insucesso em duas vertentes, a administrativa e a política. “E é preciso se sair bem nas duas”, brincou.

Fundam em agosto

A previsão do Centro Administrativo é que os primeiros contratos do Fundam sejam assinados em agosto. O projeto que permite o Estado pegar o recurso com o BNDES já foi aprovado pela Assembleia Legislativa. Resta agora os últimos detalhes com o Tesouro Nacional o que, segundo Colombo, já está bem encaminhado. O programa vai disponibilizar R$ 700 milhões para investimentos nos municípios, conforme as prioridades elencadas pelas Prefeituras. Segundo o governador, os municípios serão beneficiados com valores que variam de R$ 800 mi a R$ 4 milhões.

Disputa em agosto

Mesmo com a pré-candidatura de Gelson Merísio (PSD) já lançada ao governo do Estado e sendo alvo de críticas do PMDB, Colombo mantém sua postura diplomática. Para ele, este é o momento para todos os partidos colocarem seus quadros nas ruas, sentir o clima e só daqui a um ano tomar uma decisão. “A política é muito dinâmica porque é feita de pessoas, de sentimentos. É aquela história de Magalhães Pinto. Você olha para o céu e tem uma nuvem, Daqui a pouco você olha de novo e cadê a nuvem? Ninguém sabe hoje como vai ficar o cenário para 2018, até porque Santa Catarina será muito influenciada pelas decisões nacionais. Ainda tem as mudanças nas regras eleitorais que podem surgir, então é muito cedo”, avalia o governador que defendeu a diminuição no número de partidos e a transparência no financiamento eleitoral como formas de melhorar a política.

Destino da BR-280

Questionado pela coluna, Colombo admitiu que o plano é devolver à União o trecho urbano da BR-280, em função da concessão da rodovia. Segundo estudos do DNIT, é preciso evitar que o percurso se torne rota de fuga para motoristas que não querem pagar pedágio. “A gente está fazendo o elevado para adiantar as coisas. Ali está um dos maiores problemas, mas o percurso deve ser federalizado, sim”. Com relação à BR-280, a boa notícia veio do gabinete do deputado federal Mauro Mariani (PMDB). A previsão é que o presidente Michel Temer anuncie nos próximos dias um aporte considerável de recursos para as duplicações da BR-470 e 280. O investimento também é visto como uma maneira de acelerar o processo de abertura da concessão.

Impeachment 1 e 2 

Embora sempre tenha tido uma visão politica e econômica diferente de Dilma Rousseff, Colombo foi um dos governadores que assinou uma carta em defesa da ex-presidente no início da crise. Entretanto, chegou um momento, lembra Colombo, que o impeachment se tornou inevitável. Questionado sobre qual acredita ser a melhor saída para o país agora diante dos escândalos sem fim, o governador defendeu sabedoria da sociedade para fazer “a travessia”, ou seja, esperar pela eleição de 2018.

Via O Correio do Povo – Jaraguá do Sul