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Entre os impactos econômicos negativos do conflito Rússia e Ucrânia está a pressão inflacionária para o mundo em função da alta do preço do petróleo e de fertilizantes. Mas nem toda tendência é de subida de preços. Com menos exportações para a Rússia e Ucrânia, as carnes catarinenses e brasileiras tendem a ficar com preços estáveis ou cair.

O preço do petróleo chegou a US$ 110 dólares por barril na manhã de hoje em negociações internacionais. O motivo é a dúvida se a oferta futura será suficiente. Como o insumo está mais caro, a Petrobras tenderá a repassar em breve mais reajustes, tanto para o preço da gasolina quanto para os do diesel e do gás natural, que seguem cotação internacional.

E combustível mais caro causa alta quase generalizada de preços. Isso porque o transporte é um dos principais custos de muitos produtos e serviços no Brasil.

Além disso, a Rússia e a Belarus informaram que não estão conseguindo embarcar fertilizantes para o Brasil porque não estão podendo movimentar cargas em portos. Isso vai encarecer mais esses produtos aqui.

O Brasil importa 85% dos fertilizantes que consome e traz daquela região 30% da ureia e 20% do cloreto de potássio, destaca o vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faesc), Enori Barbieri. Com a guerra, pode faltar insumo para a safrinha de milho do Centro-Oeste do país, que começa a ser plantada agora e tem projeção de 90 milhões de toneladas.

Além disso, os fertilizantes já haviam aumentado antes do conflito, justamente em função da queda da oferta daquela região, antes da guerra. Isso porque, para vender mais gás natural para a Europa em novembro, a Rússia reduziu a produção de ureia.

Mas entre os preços que podem ficar estáveis ou até cair estão os de carnes. E que o Brasil está com excesso de oferta, cerca de 100 mil toneladas a mais este ano de carnes de frango, suíno e bovino. O plano era exportar a maior parte disso para a Rússia, em sugestão feita na viagem de Jair Bolsonaro, tendo como contrapartida a importação de agroquímicos.

Contudo, com a guerra essas exportações não estão acontecendo e o produto tende a ficar no mercado interno, sem repasse de custos porque o consumidor brasileiro não está aceitando pagar mais pela carne.

Outros produtos que terão dificuldades para entrar na região do conflito, caso esse se estenda, também poderão ter preços reduzidos. Mas colocando numa balança o que pode ficar mais caro e o que pode ficar mais barato, o resultado final deverá ser de mais inflação no país, pelo elevado impacto dos combustíveis, mesmo sob influência de juros maiores para conter alta de preços.

Assim, gradualmente, o conflito vai gerando inflação pelo mundo. O Brasil vai ter dificuldades para manter a inflação abaixo de 6% este ano.

Via NSCTotal – Coluna Estela Benetti