Terminal vive uma “tempestade” semelhante a 2008, quando a enchente destruiu os berços de atracação e deixou o porto inoperante

Todos os quatro serviços que operam no Porto de Itajaí, com navios que fazem escalas regularmente nos cais administrados pela APM Terminals, deixarão de atracar no terminal em janeiro. A informação, confirmada pela multinacional nesta terça-feira (13), é um cenário de “terra arrasada”. Sem navios nem cargas regulares para movimentar, Itajaí vive uma tempestade semelhante a 2008, quando a enchente destruiu os berços de atracação e deixou o porto inoperante, causando prejuízos milionários à cidade e ao Estado.

A informação chega apenas quatro dias após a prefeitura de Itajaí ter, enfim, assinado extensão temporária de contrato com a APM Terminals, que será mantido até que o governo federal consiga concluir o leilão de concessão do porto. Atrasado, o edital só deve sair no próximo ano, sob os cuidados do novo governo.
O impasse com o porto é resultado de uma série de problemas que começaram há meses, diante da demora na execução do leilão pelo Ministério da Infraestrutura. Com o contrato de arrendamento próximo de vencer, no dia 31 de dezembro, o terminal passou por um vaivém de incertezas que minou a confiança dos operadores e impossibilitou o terminal de buscar novos serviços.

Diante da falta de perspectiva de ter uma nova concessionária em tempo hábil, a Superintendência do Porto de Itajaí lançou concorrência para um contrato-tampão, temporário, até que o leilão fosse concluído. Só que a empresa vencedora não tem experiência suficiente no transporte de contêineres, e a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) suspendeu o edital.

Diante do entrave, a Superintendência do Porto de Itajaí decidiu deixar de lado o contrato-tampão e estender o contrato com a APM Terminals. O anúncio foi feito ao mercado, mas a informalidade transformou-se no ponto de inflexão da crise.

A APM chegou a comunicar aos clientes sobre a manutenção das atividades em Itajaí, tentando manter os serviços que, àquela altura, já haviam anunciado mudança para outros terminais. O problema é que a anunciada extensão de contrato não chegou a ser assinada naquele momento – e, diante da instabilidade, os navios trocaram Itajaí por portos como Itapoá e Navegantes. Foi o que causou a crise.

– É comparável a 2008 porque vamos precisar de muito trabalho, e a reputação do porto foi abalada. É o momento de imos atrás de carga – diz o Diretor Superintendente da APM Terminals Itajaí, Aristides Russi Júnior.

A situação trará um prejuízo econômico de grande monta para Itajaí. Embora a arrendatária mantenha pagamentos mensais pela utilização do espaço – a APM Terminals diz que terá, mensalmente, um gasto de R$ 7 milhões para seguir operando Itajaí “no vermelho” – a prefeitura perderá um dos maiores arrecadadores de impostos como o ISS.

Outro fator é ainda mais grave: a falta de movimentação implicará em redução de mão-de-obra. Por se tratar de um porto público, que pertence à União, o Porto de Itajaí mantém operação com trabalhadores portuários avulsos (TPAs), que operam por “chamada”. Sem cargas, eles não perdem o vínculo – mas ficarão sem ganhos.

A empresa também mantém os próprios trabalhadores portuários em regime de CLT. Nesse caso, será feito um programa de demissão voluntária que deve atingir 86 trabalhadores. É o segundo desde outubro. A APM deverá manter 105 funcionários.

Via NSCTotal – Via Dagmara Spautz