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Economistas alertam que crescimento da renda por tempo limitado pode gerar endividamento das famílias

Com a aprovação da PEC Kamikaze, o aumento de benefícios vai injetar ao menos R$ 35 milhões na economia de Santa Catarina. Mais de 184,8 mil catarinenses que receberam Auxílio Brasil de R$ 400 em julho poderão passar a ganhar R$ 600. No entanto, economistas alertam que o incremento na renda por tempo limitado pode gerar endividamento.

ntre os benefícios previstos pelo governo federal, estão o chamado auxílio-caminhoneiro de R$ 1 mil por mês para estes profissionais, aumento de R$ 200 no Auxílio Brasil para os beneficiários, além de zerar a fila de espera do programa.

De acordo com dados do Ministério da Cidadania, em julho, 184,8 mil catarinenses receberam o auxílio mensal de R$ 400. Essas pessoas devem passar a ganhar R$ 600, conforme prevê a PEC Kamikaze. Além disso, mais de 41 mil famílias na fila de espera em Santa Catarina poderão ser incluídas no programa.

Já em relação aos caminhoneiros, 50.093 profissionais que estão registrados como Transportadores Autônomos de Cargas (TAC) na Agência Nacional de Transporte Terrestres (ANTT), podem passar a receber o auxílio mensal de R$ 1 mil do governo federal.

Alerta para risco de endividamento das famílias

A princípio, o aumento de R$ 200 no Auxílio Brasil, além dos outros benefícios propostos, valerá apenas até 31 de dezembro, então as famílias precisam tomar cuidado para não criar dívidas que não poderão pagar depois, destaca o professor de Economia Jamis Piazza.

— As pessoas têm que comprar aquilo que atenda sua necessidade básica, não gerando muitas dívidas, porque a partir de janeiro de 2023, voltaria o valor normal. As famílias têm que ter um grande cuidado, porque isso é por um curto período de tempo, e qualquer empréstimo que for feito, depois elas vão ter que pagar com o valor que recebiam antes, de R$ 400 — alerta o economista.

Maior consumo pode gerar inflação?

Para o economista da Fiesc, Pablo Bittencourt, o aumento de benefícios vai injetar mais recursos na economia, já que o dinheiro vai direto para o consumo, o que gera crescimento na atividade econômica. Mesmo com aumento de consumo, isso não deve gerar mais inflação, segundo ele.

— Não existe um impacto direto sobre a inflação. Nesse caso, o consumo é de bens cujo nível de utilização da capacidade instalada na indústria dá conta. Então não haveria grandes pressões de demanda derivadas desse aumento do consumo — destaca o especialista.

No entanto, a preocupação com inflação vem de um outro lado:

— Quando o governo resolve fazer um gasto desses próximo da campanha eleitoral, dá uma sinalização de que está disposto a fazer manobras para furar o teto de gastos, ou seja, não seguir a regra fiscal. Isso é lido pelo mercado, por quem financia a dívida brasileira, como uma propensão exagerada a se endividar. E aí os financiadores cobram mais caro pelo financiamento.

O economista destaca que os juros pelos títulos de longo prazo passam a ficar mais altos, e para conter isso, o Banco Central vai ter que aumentar a taxa de juros básica. Com isso, o crescimento econômico futuro fica comprometido.

Via Diário Catarinense