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A tecnologia vem sendo uma aliada poderosa no monitoramento e fiscalização, em especial de grandes contribuintes. Sabidamente, os fiscos já detêm alguns dos maiores volumes de dados do país, o que permite um amplo cruzamento de informações.

Esse potencial tem muito a crescer com o uso da inteligência artificial, para o bem dos contribuintes e das arrecadações. Porém, a tecnologia só cumpre o seu papel da melhor forma quando aliada ao trabalho humano de alta qualidade. Ainda não inventaram nada que substitua a conversa, o olho no olho, a experiência e a sensibilidade.

Vou dar um exemplo que ilustra bem o que afirmo. Recentemente, um auditor fiscal de larga experiência, especializado no setor de combustíveis, detectou dentro de um dos sistemas uma operação, entre centenas, que destinava um montante superior a R$250 milhões ao estado do Paraná.

Intrigado, o fiscal resolveu esmiuçar a informação e descobriu que era uma falha: o valor era devido a Santa Catarina. Nesse exemplo, o olhar treinado de um único profissional evitou um prejuízo imenso ao nosso Estado. As tecnologias precisam de cenários definidos para a aplicação de soluções.

E no caso do fisco, são os auditores fiscais os responsáveis por esse direcionamento. Além disso, existe a questão do sigilo fiscal dos contribuintes, uma premissa sagrada para o fisco. Sem especialistas no comando, essas informações correm riscos.

A administração dessas informações é infinitamente mais eficiente com a aplicação da tecnologia, mas, repito: desde que sob o olhar do especialista. A junção da inteligência artificial com a especialização abre um enorme leque de possibilidades que podem tornar os processos mais ágeis e efetivamente diminuir a sonegação.

A fiscalização interna, com base em cruzamento de dados, apesar de fundamental, não substitui a fiscalização externa, in loco, quando o fiscal pode avaliar se houve desinformação ou má fé. Além disso, não há maior efeito pedagógico junto aos devedores que a presença fiscal.

As tecnologias estão e continuarão a revolucionar as formas de administração tributária e permitirão adotar novos políticas fiscais. Mas essa revolução precisa da sensibilidade humana para ser justa.

 

Por José Antônio Farenzena – Presidente do Sindifisco

Artigo publicado na edição impressa do Jornal Notícias do Dia de 29/02/20