Informação consta da ata do Copom, divulgada nesta terça (9). Governo e Congresso aprovaram mudanças que tentam segurar inflação de 2022, mas que devem elevá-la em 2023.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central informou que, diante das alterações feitas nos impostos sobre combustíveis, dará mais “ênfase” na inflação de 2024 durante a definição da taxa básica de juros, a Selic.

A informação, divulgada nesta terça (9), consta da ata da última reunião do Copom, que aconteceu na semana passada.

Na reunião, o comitê decidiu elevar a taxa Selic de 13,25% para 13,75% ao ano, o maior percentual dos últimos seis anos (entenda mais abaixo como funciona a elevação ou a redução dos juros e a relação com a inflação).

Neste ano, o governo federal e o Congresso Nacional aprovaram mudanças nos impostos que incidem sobre os combustíveis. O objetivo foi segurar a inflação deste ano. Economistas, porém, já alertaram que essas alterações deverão elevar a inflação de 2023.

Itens como combustíveis e energia elétrica, por si só, geram impacto na inflação. Mas também influenciam preços de outros produtos, o que pressiona ainda mais a inflação.

Quanto maior é a inflação, menor é o poder de compra das pessoas, principalmente as que recebem salários menores. Isso porque os preços dos produtos aumentam sem que o salário necessariamente acompanhe esse crescimento.

Entenda: juros e inflação

Para definir a taxa de juros, o Banco Central se baseia no sistema de metas de inflação. Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o Banco Central reduz a Selic.

Neste momento, o BC já está ajustando a taxa Selic para tentar atingir a meta de inflação nos próximos anos, uma vez que as decisões sobre juros demoram de seis a 18 meses para terem impacto pleno na economia.

Até então, a instituição indicava que buscava, na definição dos juros básicos da economia, o cumprimento da meta de inflação do ano que vem.

Porém, na ata da reunião realizada na semana passada, o Copom informou que está centrando seus esforços, ao definir o nível da taxa de juros, olhando para a inflação em 12 meses até março de 2024.

Ao diminuir a importância do próximo ano em seu cenário para definição da taxa Selic, o BC indica que a meta de inflação pode ser superada em 2023 pelo terceiro ano seguido.

O Banco Central estima que a inflação oficial somará 4,6% no ano que vem, ainda abaixo do teto de 4,75% do sistema de metas de inflação, mas o mercado financeiro já projeta um IPCA de 5,36%, ou seja, com novo estouro da meta em 2023.