Após dois meses em queda, a inflação voltou a apresentar crescimento no Brasil e a expectativa dos economistas é que continue subindo até o fim do ano. A análise é do coordenador do Núcleo de Índices de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Braz. Para novembro, o percentual estipulado é de 0,55%. Já para dezembro, a inflação deve ficar entorno de 0,65%. 

Na terça-feira (25), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou aumento de 0,16% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA 15). A variação indica que os preços estão em aceleração. 

Apesar da taxa ser baixa, Braz afirma que o contexto econômico não é de inflação próxima de zero. 

— Nós não temos um nível baixo de inflação, o índice está assim porque a gasolina foi um grande destaque para a apuração deste último levantamento, que ainda traz uma influência negativa muito grande da gasolina — explica o professor.

O IPCA-15, diferente do IPCA, coleta dados do dia 16 do mês anterior ao dia 15 do mês de referência. Portanto, o índice 15 de outubro ainda contabiliza o impacto da queda do preço do combustível, que aconteceu em setembro e foi motivada pelas reduções de preço da própria Petrobras. 

— Por isso a taxa se apresenta com uma variação muito próxima de 0%. Mas, se não fosse essa queda da gasolina, a gente já teria uma inflação entorno de 0,5% — estima. 

A expectativa do economista é que o indicador de todo o mês de outubro seja avaliado em 0,5%, o que indica que o processo inflacionário está presente na economia brasileira. 

Desde o começo de 2022, a inflação do Brasil acumula alta de 4,80%. Nos últimos 12 meses a variação é ainda maior, de 6,85%. 

Entre julho e setembro, o IPCA sofreu queda e a inflação foi freada por mudanças na política tarifária. Em junho, a Lei Complementar 194/2022 estabeleceu que transportes, combustíveis, energia e telecomunicações são produtos essenciais à população. Por isso, o teto máximo para cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias de Serviços (ICMS) nos estados foi reduzido para 17%.

— Se não fosse a redução do ICMS, não teríamos taxas negativas nos últimos meses. Então, é uma taxa negativa que não esboça nenhum efeito generalizado. É um efeito concentrado em despesas que tem peso no orçamento familiar — contextualiza Braz.

Entretanto, a gasolina não tem novos estímulos para sofrer redução de preço, segundo o coordenador. Por isso, o valor do litro deve se estabilizar. 

— Ainda há risco, depois das eleições, do combustível subir de preço em função da tendência atual do valor do barril de petróleo, que foi de alta. Isso vai fazer com que a inflação ganhe um novo patamar, de taxas mais altas. A gente não vive o contexto de inflação próxima de zero — reforçou.

Destaques e expectativa para o fim de ano

O professor ainda destacou que itens de consumo apresentaram variação muito alta no IPCA-15 de outubro. Entre elas, a passagem aérea subiu 28%. 

A alimentação também apresentou porcentagem positiva e, entre alimentos e bebidas, teve 0,21% de alta. 

— Deu para ver que existem outras coisas acelerando o aumento de preço. Que o processo inflacionário está aí — disse. 

Via Diário Catarinense