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No período de maior impacto negativo da Covid-19 na economia catarinense e brasileira, o segundo trimestre deste ano, o Índice de Performance Econômica de SC (Iper), calculado pela Federação das Associações Empresariais do Estado (Facisc), teve recuo de -14,2% frente ao trimestre anterior. A queda, que é a maior da história do índice, desde 2004, foi a mesma frente ao mesmo mês de 2019. O indicador revelou também os diferentes impactos do novo coronavírus na economia de cada região do Estado.

Enquanto o Vale do Itajaí (-18,2%), Norte (-14%) e Serra (-9,4%) lideraram as quedas, outras regiões tiveram recuo menor, como o Sul (-1,8%) e o Alto Vale do Itajaí (-2,4%). O Extremo Oeste caiu -8,8%, seguido pela Grande Florianópolis (-6,5%), Meio Oeste (-4,5%), Extremo Sul (-3,9%), Planalto Norte (-3,6%), Noroeste (- 3,3%) e Oeste (-3,2%).

De acordo com o presidente da Facisc, Jonny Zulauf, o impacto da pandemia no segundo trimestre do ano fez desse período o de maior queda do movimento econômico, tanto no Estado, quanto no país. Apesar das diferenças regionais, todos sentiram a crise, observou.

O economista da Facisc, Leonardo Alonso Rodrigues, explica que o Iper mostrou uma crise mais profunda do que outros indicadores de atividade econômica porque considera estatísticas mais abrangentes. Segundo ele, até agora, a recuperação da economia de SC é em V, mas não está descartado uma recuperação em W caso o Estado tenha uma nova onda de Covid-19 e necessite fechar atividades.

Considerando o segundo trimestre frente ao mesmo período de 2019, uma única região de SC teve resultado positivo, o Noroeste (3,3%). As maiores quedas foram nas regiões mais industriais, o Vale do Itajaí (-17,6%) e Norte do estado (-15,0%).

No primeiro semestre deste ano, o Iper registrou recuo de -6,2% em todo o estado, uma variação parecida com a do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBCR-SC), que recuou -5,1% no mesmo período. No mesmo período, quatro regiões de SC ficaram no azul: Nordeste (3,8%), Serra (1,0%), Oeste (0,3%) e Sul (0,1%). E as maiores retrações foram no Vale do Itajaí (-7,5%) e Norte (-7,1%).

Na taxa anualizada encerrada em junho, o indicador da Facisc apurou recuo de -2,3% frente aos mesmos meses de período anterior. Questionado sobre expectativas para o PIB catarinense deste ano, Leonardo Rodrigues diz que será negativo, mas ele acredita numa queda menor que a estimada para economia brasileira, que é de -5%. Para ele, SC poderá ficar mais parecido com São Paulo, que estima recuo de -2%. O Iper acompanha a tendência estadual. O economista acredita até que no indicador da Facisc, alguma região pode não ter resultado negativo no ano, apesar da pandemia, mas ainda é cedo para estimar, disse ele.

– Estamos vivendo agora um período de estímulo à empresas e pessoas. No ano que vem, a gente acordará sem essas medidas porque o Brasil não terá condições orçamentárias para manter isso em 2021. Como ficará a situação? Dá para adiantar que teremos esse vácuo de medidas e o endividamento público – alerta o economista.

Contudo, ele vê também indícios positivos. Um deles é a taxa básica de juros Selic, em 2% ao ano, a menor da história. Isso ajuda no crédito e no custo do endividamento público. E há, também, a construção civil aquecida, que poderá ajudar bastante nessa fase de recuperação.

O Iper inclui indicadores como venda de veículos, crédito e consumo de energia. No caso de veículos, são consideradas as vendas por município eem todo o Estado. Sobre crédito, Leonardo Rodrigues explica que são considerados depósitos à vista, depósitos em poupança, operações de crédito e financiamentos imobiliários. O levantamento apurou redução dos financiamentos de imóveis na pandemia, mas deve voltar a crescer. O crédito também caiu para pessoas físicas.

Para empresas, nos três primeiros meses da pandemia faltou crédito. Mas Leonardo Rodrigues acredita que agora, com mais uma fase do Pronampe e outras iniciativas, o problema de crédito será minimizado. Quanto às pressões inflacionárias de alimentos, ele acredita que esse não será um problema expressivo porque há preços em queda.

Via NSCTotal – Coluna Estela Benetti