Em cerimônia no Planalto, ministro afirmou que alta dos gastos com saúde é transitória e que o governo conseguiu evitar reajuste a servidores nos repasses a Estados e municípios

O ministro da Economia, Paulo Guedes, considera que o período de trabalho legislativo até as eleições municipais “não vai ser perdido”, em relação ao andamento das reformas. Segundo ele, “tem uma agenda andando” no Congresso.

“Estamos voltando ao trilho, à agenda de reformas”, afirmou Guedes, em discurso no lançamento do programa “Descomplica Trabalhista”, no Palácio do Planalto. A iniciativa tem o objetivo de eliminar a burocracia com a revogação de 48 atos considerados obsoletos, do Ministério da Economia.

Ao defender que os trabalhos legislativos não sejam interrompidos, Guedes afirmou que, ontem, quase foi votado o projeto de lei que prevê a autonomia do Banco Central, e frisou que essa é uma meta de 40 anos.

“Nós precisamos ter certeza que temos uma moeda forte”, disse o ministro da Economia. Para ele, uma autoridade monetária independente “garante juros baixos pela força da moeda”. “Não vai haver inflação mais”, comentou.

Outros ajustes na legislação brasileira que, segundo Guedes, precisam avançar no Congresso diz respeito ao projeto que abre o mercado de gás natural e a nova lei de falências.

“As empresas brasileiras, o empresário tem que ter o direito de tentar [se reerguer em caso de falência]”, disse.

Entre os marcos legais já aprovados, Guedes destacou a lei do saneamento básico, que abre o horizonte de investimentos de R$ 700 a R$ 800 bilhões. Ele mencionou que, como os juros seguem baixos, o país já vive um “boom” na construção civil.

“Estamos com tudo preparado para o Brasil fazer uma retomada do crescimento”, disse o ministro, reforçando que o cenário econômico para o ano que vem “é muito bom”.

O ministro afirmou que as reformas estruturais estão sendo retomadas apesar da pandemia. Segundo ele, o aumento abrupto das despesas na área de saúde está relacionado a “gastos transitórios” e já pode-se falar em “legados da pandemia” a serem deixados pelo atual governo, especialmente com a geração de empregos.

Ele disse que, enquanto os Estados Unidos perderam 33 milhões de empregos, com uma economia “muito mais dinâmica”, o Brasil perdeu menos de 1 milhão de postos.

Ele ressaltou que a taxa de desemprego poderia ter saltado para 33% se não fossem as medidas do governo federal.

‘Nova fase’
Para Guedes, foi fundamental “atacar” os três grandes focos de despesas públicas: a Previdência, “uma fábrica de privilégios”; a alavancagem dos bancos públicos cujo combate ajudou a reduzir a relação dívida e PIB, colocada “lá embaixo”; e reajuste de salário do funcionalismo público. Ele disse que, com isso, o Brasil “inaugurou uma nova fase”, com juro básico da economia no patamar de 2%.

O discurso do ministro foi iniciado com agradecimento ao presidente Jair Bolsonaro pela confiança, que “tem sido decisiva” para manter o espírito da equipe”. Guedes ressaltou também a “coragem” do presidente de impedir o repasse de recursos para Estados e municípios fosse “alvo de uso político” e virasse aumento de salário para servidores. “Se isso virasse aumento de salários seria gasto permanente, furando o teto”, afirmou.

Na solenidade, Guedes aproveitou para informar que “daqui a uma ou duas semanas” serão anunciadas duas mil simplificações de normas. Segundo ele, a iniciativa parte do “espírito de tirar o Estado do cangote da população”.

Via Valor Econômico