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A cautela do governo federal em aceitar a volta da tributação de PIS, Cofins e Cide sobre a gasolina e o etanol a partir desta quarta-feira mostra que o Brasil tem uma nova realidade para reajustes de combustíveis. A decisão esperada para hoje após reunião do presidente Lula com equipe econômica deve vir não só com o impacto dos impostos, mas também com redução devido à menor cotação da gasolina no exterior e ainda com um toque de sustentabilidade pela promessa de oneração maior de combustível fóssil, no caso a gasolina.

Polêmica política com medo de inflação e decisão de última hora azedou o humor de boa parte das lideranças econômicas do pais. O meio empresarial também não gostou da pressão do PT ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Um dos aspectos positivos desse cenário é o cuidado com a geração de mais inflação, que afeta a vida da classe média, usuária de carro, já penalizada com as altas dos combustíveis do ano passado, resultantes dos efeitos da guerra na Ucrânia.

Outro ponto positivo é a tributação maior ao combustível fóssil. Significa que o governo pode dar mais valor ao etanol, combustível considerado verde que é diferencial do Brasil desde os anos de 1970. Quem chamou a atenção para o etanol brasileiro semana passada foi o presidente mundial do grupo automotivo Stellantis, o executivo português Carlos Tavares, ao dizer que o Brasil não precisa de carro elétrico porque tem o etanol.

O que preocupa nessa polêmica é a excessiva ênfase política para a decisão da volta dos tributos. Isso traz insegurança ao mercado que vê riscos da volta de política de preços da Petrobras de acordo com a vontade do governo de plantão e não variando de acordo com a oferta e procura.

Quando a decisão não é técnica, o custo vem depois em crise econômica que acaba afetando o lado mais fraco, que é o cidadão mais pobre que nem carro tem.

O governo federal está certo em considerar vários aspectos para compor um preço mais justo e de ser cauteloso nas decisões, mas não pode fugir muito das variações de preço do mercado e dos compromissos de arrecadar tributos para atender o lado social.

Via NSCTotal – Coluna Estela Benetti