A indústria pesqueira em Santa Catarina recuperou o fôlego de exportações em 2019. Entre janeiro e dezembro do ano passado, o Estado enviou ao exterior US$ 17,29 milhões em pescados – um crescimento de 35% em relação a 2018.

O resultado positivo vem, ainda, sob a sombra do embargo da União Europeia ao pescado brasileiro, que completou dois anos este mês. Sem poder vender para os europeus, que consumiam boa parte da produção catarinense, os empresários do setor buscaram novos mercados. Especialmente na China, que passou a absorver grande parte do atum.

Outras empresas passaram a vender para outros países parceiros do Mercosul, de onde o peixe pode ser enviado à Europa sem restrições. Foi o que fez Uruguai e Paraguai figurarem entre os destinos de exportação do pescado nacional no ano passado.

Ovas pelo mundo

A ova de tainha, um dos principais produtos de exportação da pesca catarinense, foi a mais atingida pelo embargo europeu. Espanhóis e italianos estão entre os grandes consumidores da iguaria no mundo. Em 2019, sem poderem vender para os europeus, as indústrias de SC enviaram ovas frescas e processadas como a bottarga – o caviar brasileiro – para Estados Unidos, Taiwan, Austrália e Senegal. Mesmo assim, a Europa fez falta. O maior exportador, em Itajaí, calcula que tenha deixado de vender seis toneladas ao ano pela limitação de mercado imposta pelos europeus.

Poderia ser melhor

O presidente da Câmara da Pesca na Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), André Mattos, considera quem 2019 teve um bom resultado – mas poderia ser melhor. Segundo ele, as exportações para a União Europeia poderiam ter rendido ao Estado US$ 20 milhões no ano passado. O que significa que SC teria movimentado mais do que o dobro no envio de pescado ao exterior.

Há grande expectativa pela reversão do embargo em 2020. O governo federal vem tratando com os europeus, para alinhar os processos e reconquistar o mercado.

Propaganda oficial

A bottarga catarinense perdeu espaço na Europa devido ao embargo, mas se destacou em outro quesito no ano passado: as vezes em que apareceu nas ‘lives’ do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais. A “propaganda” só perdeu para a das famosas bijuterias de nióbio. Quem levou as ovas processadas para o presidente foi o secretário nacional de Aquicultura e Pesca, Jorge Seiff Junior, que é de SC.

Via NSCTotal