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O Diário Catarinense fez uma comparação das compras básicas em 2012 e este ano

 Qualquer ida ao mercado hoje em dia requer planejamento financeiro. A alta inflação reduziu o poder de compra dos catarinenses e tem impactado na aquisição de produtos básicos. Em 10 anos, a quantidade deles em um carrinho de supermercado reduziu em 37%. Isso porque, atualmente, só a compra de arroz, feijão e leite, por exemplo, já chega perto dos R$ 100.

Em abril de 2012, o valor da cesta básica em Florianópolis era de R$ 257,90. Dez anos depois, também em abril, esse valor chegou a R$ 745,47 — número que apresenta crescimento de 189%. A alta impacta o consumidor de forma direta, no entanto, não é proporcional ao crescimento do salário mínimo, que passou de R$ 622 para R$ 1.212 no mesmo período — o que significa um aumento de 99,6%. Todos os dados foram retirados de pesquisas feitas pela Dieese.

Com R$ 100, há 10 anos era possível comprar grande parte dos produtos da cesta básica. O Diário Catarinense fez essa comparação e, atualmente, com o mesmo valor em dinheiro, uma família consegue levar apenas três produtos — arroz, feijão e leite.

Na lista de produtos da cesta básica sugeridos pela Diesse, estão leite (7 litros), feijão (4kg), arroz (3kg), farinha (1,5kg), açúcar (3kg), óleo (900g), manteiga (750g), batata, banana, pão e tomate. Na comparação do DC não foram incluídos vegetais, frutas e pão. Mesmo assim, as compras precisaram ser reduzidas em 37%.

Compras com R$ 100 considerando os preços de 2012

  • 7 litros de leite
  • 5kg de feijão
  • 4kg de arroz
  • 3kg de farinha
  • 1kg de café
  • 3 óleos de 900g
  • 1 manteiga 
  • 3kg de açúcar

Compras considerando os preços de 2022

  • 7 litros de leite
  • 4kg de feijão
  • 4kg de arroz

 O total desse carrinho ficou em R$ 95,19.

Consumidores se assustam com preço dos alimentos
Consumidores se assustam com preço dos alimentos

(Foto: Tiago Ghizoni / DC)

— Dava pra comprar muita coisa. Hoje em dia não dá nem 10 coisinhas. Tem que ficar “enrolando”, compra um quilo de uma coisa agora, depois compra outra e assim vai — comenta o funcionário de um mercado, que não será identificado para preservar o estabelecimento.

Segundo o supervisor técnico da Dieese em Santa Catarina, José Álvaro Cardoso, a inflação durante este período cresceu 80%. O aumento acontece devido a alguns fatores, entre eles a desvalorização do real e a estrutura de distribuição de alimentos no Estado.

— São poucas empresas que fazem essa distribuição. Mesmo que haja diminuição de consumo, na carne, por exemplo, o preço não cede porque os ofertantes são poucos. São grandes empresas que fazem isso, podemos chamar de uma espécie de cartel, eles combinam em não baixar. Quem dita os preços são os grandes produtores e grandes distribuidores — explica.

A oferta e procura, segundo Cardoso, têm influência apenas de forma individual. No caso do tomate, por exemplo, o especialista explica que se a safra tiver uma colheita péssima, o preço consequentemente vai aumentar.

Os produtos que compõem a cesta básica, segundo a Dieese, são alimentos fundamentais para todos, independente de classe social. No entanto, o valor que se paga por eles atinge cerca de 90% da população que sente no bolso a diferença.

— A esmagadora maioria da população sente isso e quanto menos o trabalhador ganhar, mais peso vai fazer esses aumentos. Agora, o preço da cestas básica é maior do que metade do salário mínimo. Essa relação é muito pesada, bastante acima de 50% e o salário deveria suprir as necessidades básicas de uma família. Isso está na Constituição — afirmou.

Atualmente, os gastos básicos de uma família — cesta básica, luz e gás — ocupam cerca de 70% do salário mínimo em Santa Catarina. Florianópolis, por exemplo, tem a terceira cesta básica mais cara do país, que sozinha ocupa 61,5% do salário, segundo o Dieese. 

— Está tudo muito caro. Graças a Deus não estou em uma situação ruim, mas conheço algumas famílias que dependem um dos outros para se sustentar — desabafa Ana Luísa, quanto faz compras no mercado.

Para driblar a situação, a moradora de Florianópolis procura por mercados atacadistas na compra mensal. Outros estabelecimentos ficam apenas para compras de emergência.

— Tem nem o que falar, né? A carne então, a gente corre. Com R$ 100 não dá pra comprar nada — complementa. 

Confira a diferença de preço entre os anos analisados

Tabela mostra diferença de preços de produtos em 2012 e 2022
Tabela mostra diferença de preços de produtos em 2012 e 2022

(Foto: DC)
Via Diário Catarinense