Quando o barato sai caro

A satisfação de celebrar resultados positivos, tais como os referentes à arrecadação de impostos, soa como boa música em ambiente festivo entre familiares e amigos, por sinal, carente há pelos menos um ano, devido à covid-19. O que se espera de tamanho êxito é a boa aplicação desses recursos, lembrando do tripé social: educação, saúde e segurança.

Essa preocupação paira por onde está sendo canalizada essa dinheirama, extraídos os valores carimbados e os destinados a investimentos. Pois fiquem sabendo que muito segue o caminho dos processos licitatórios, para que as obram se realizem, os materiais sejam adquiridos, e os serviços, executados, dentre outras finalidades.

Melhor oferta 
Por falar em licitação, nesta semana uma virou notícia na Fazenda. Com um quadro reduzido de analistas, a maioria de saída por tempo de serviço, outros acometidos de alguma enfermidade, esses servidores – braços direitos para que a roda arrecadatória gire – estão fazendo muita falta. A empresa vencedora, inclusive celebrada pelos que gerenciavam o processo, pela economia gerada em detrimento dos concorrentes, ao praticar o menor preço, simplesmente não honrou os compromissos, deixando os funcionários a “ver navios”. Coube a alguns abnegados gerentes, com a participação do Sindifisco, angariar fundos junto aos auditores fiscais e comissionados, e assim suprir parte das necessidades desse povo sofrido.

E muito mais
Pois esses, com suas privações em locomover-se e alimentar-se, não comparecendo ao trabalho, deixaram uma brecha sem tamanho, prejudicando o atendimento ao público, fator que desde há muito é tido como modelo de eficiência e também em apoio aos fiscais que trabalham nas repartições. Sem contar o vácuo nos serviços gerais e de segurança.

Casa de ferreiro
Inadmissível que ocorram nesses trâmites a inobservância de critérios mínimos como conhecer a vida pregressa da empresa, seu potencial, qual mercado já atendeu, enfim, até a planta baixa e o local em que opera. Tal qual no caso dos respiradores, uma casa de show na Baixada Fluminense, onde lá se foram R$ 33 milhões pagos em 200 respiradores e até agora nada, justo no momento de tanta necessidade. Agora essa, sem condições mínimas, localizada nos arredores de Curitiba/PR, ousou em segar os autores da empreitada. O contribuinte que honra com seus compromissos tributários e o cidadão honesto, que também contribui com suas parcelas, têm razão em cobrar a boa aplicação do dinheiro pago em impostos.

As providências 
Claro! Estão sendo tomadas as providencias para reverter o quadro, mas o estrago foi feito lá na vizinha administração. Por mais inviável que seja, assar carne em espeto de pau não tem jeito, assim como são primordiais os cuidados devidos na construção, desenvolvimento e conclusão de processo licitatório. Já reza o ditado que a pressa é inimiga da perfeição (leia-se: respiradores). No episódio em texto, nem sempre o menor preço é o mais viável. E como ocorreu, pode sair bem mais caro.

Um viva a Joinville
No seu aniversário (9/3), colega da gerência de Joinville lembrou que há carência de analistas no desempenho dos trabalhos. Muitos amigos auditores por lá, inclusive uma dezena do concurso deste colunista. A cidade industrial e pujante no emprego é a segunda em arrecadação, graças ao primoroso quadro fazendário. Parabéns!!!

Refletindo
“Pague o IPVA, com vencimento hoje, pois metade fica no seu município”. Uma ótima semana!

 

Por Pedro Hermínio Maria – Auditor Fiscal da Receita Estadual