Contribuinte do imposto: do boteco ao resort

O galopante avanço da pandemia vai encurralando todos, independentes de aceitação ou negação. Infelizmente, não tem para ninguém, não escolhendo classe, raça ou gênero. Mostrando serviço e fazendo das tripas o coração, os governos tentam viabilizar que as empresas produzam e gerem rendas e as pessoas mantenham seus empregos. No conjunto da obra, havendo consumo, pingam no cofre do Tesouro as receitas tributárias.

A necessidade das restrições de horários e de pessoas vai de encontro aos pleitos dos empresários de todos os escalões em fazer a roda girar. Aliás, afirmam que falta dinheiro, inclusive para honrar os impostos. E com razão, pois enquanto as despesas fixas permanecem, a renda diminui ou simplesmente zera, no caso dos que vivem de eventos e do turismo.


E tem mais

Parece que a conversa chega de forma desconexa. Abrem seus estabelecimentos, mas esquecem do básico: os protocolos. Justo para minimizar os prejuízos financeiros e salvar vidas. Extrapolam os limites ao ponto de sofrerem interdições. Cabe muito bem a frase do poeta paraibano Augusto dos Anjos: “A mão que afaga é a mesma que apedreja”. Lutam para abrir e nada de esforço para evitar o caos, cujos resultados das aglomerações estão aí para sentir, ver e chorar. E assim acontece: nos churrascos em família, nas praias com farofada ou onde só circulam bacanas, e em festas fechadas ou de forma escancarada. Não se há dúvidas de que todos os estabelecimentos contribuem para o incremento do bolo tributário quando honram suas obrigações. Mas a sensatez e a responsabilidade dos contribuintes independem se vêm do boteco ou do resort.

Pontos ganhos
Gostaria de expressar a satisfação dos inúmeros comentários sobre o tema abordado na coluna passada, “Arrecadação e Covid”, quando, em entrevista, o secretário da Fazenda e auditor fiscal Paulo Eli, em depoimento ao jornalista Moacir Pereira, afirmou que a pandemia foi a grande responsável pelo recorde dos R$ 3 bilhões da arrecadação de janeiro. Pelas manifestações, não foi bem digerida pela classe fiscal.

Mea-culpa
Por outro lado, uma mea-culpa surgiu em entrevista lá na estimada São Miguel do Oeste, pela auditora fiscal Lenai Michels, na função de diretora de Administração Tributária, certamente com o aval da alta gestão. Em muitas oportunidades, frisou sobre a importância da classe dos auditores fiscais, da qual participa com orgulho, como os grandes baluartes da arrecadação surpreendente. Feito o registro. Sendo rotineira, a sintonia das palavras nos momentos de glória, como ocorre no trabalho, só tem pontos a ganhar.

Imposto de Renda
E chegou o momento de prestar contas ao leão. Pela frente, dois longos meses, mas que passam como nuvem para apresentar a documentação ao profissional da contabilidade ou à pessoa de sua confiança. Quem não separou, trate de fazer o mais rápido possível, pois muitos, como bons brasileiros, irão deixar para a última hora, causando um transtorno enorme ao responsável pela execução do trabalho.

E a tabela?
Bem! A prometida revisão da tabela, defasada em mais de 100%, dita pelo presidente em campanha e reafirmada recentemente, tende a dar em nada como outras “peitadas” no âmbito da economia. Não basta tirar. Tem que saber de onde e como irá repor o montante que gira em torno de R$ 70 bilhões.

Refletindo
“É bom ficar atento em como votam os deputados à PEC da imunidade, para torná-la da impunidade”. Uma ótima semana!

Por Pedro Hermínio Maria – Auditor Fiscal da Receita Estadual