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SÃO PAULO

A melhora da expectativa do brasileiro em relação à sua própria situação financeira não se traduziu em uma percepção igualmente mais otimista com o crescimento econômico do país, mostra levantamento realizado pelo Datafolha.

A pesquisa mostra que 46% dos entrevistados acham que sua situação econômica vai melhorar –o percentual era de 43% na sondagem anterior, divulgada em novembro de 2017. Além disso, diminuiu a parcela de brasileiros que veem uma perspectiva pior: são 13%, ante 19% no levantamento anterior.

A melhora ainda é tímida, mas a evolução aproxima o indicador de sua máxima, registrada em julho de 2016, dois meses após o afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e do início do governo de Michel Temer (MDB).

No recorte por faixa de renda, o otimismo com a própria situação financeira é maior entre aqueles que têm renda familiar de até dois salários mínimos: 47% deles confiam em melhora nas condições.

Mas esse otimismo com as finanças não se converte em uma visão mais positiva sobre a economia brasileira. Para 41% dos entrevistados, a situação do país vai ficar como está. A fatia que vê melhora ficou praticamente estável, enquanto a que enxerga piora caiu para 26%.

Nesse ponto específico, o pessimismo é maior entre quem ganha até dois salários mínimos: 27% acham que a situação vai piorar.

A cautela se reflete no boletim Focus, do Banco Central, que vem reduzindo a projeção para o PIB (Produto Interno Bruto) nas últimas quatro semanas. Agora, o crescimento está em 2,76% –estava em 2,83% um mês atrás.

Mas, quando a comparação é com um período mais recente, os brasileiros voltam a ficar menos pessimistas. A parcela que acha que a situação da economia piorou em relação aos últimos meses recuou com mais intensidade –caiu de 61% para 52%.

O Datafolha entrevistou 4.194 pessoas em 227 municípios do país, entre os dias 11 e 13 de abril. A margem de erro é de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.

ECONOMIA REAL

A percepção mais favorável em relação à própria situação financeira se ancora em um cenário de inflação sob controle. Nos 12 meses encerrados em março, o IPCA (índice oficial de preços) acumula alta de 2,68%, abaixo do piso estabelecido pelo Banco Central, de 3%.

Apesar disso, a avaliação da população sobre o aumento do poder de compra teve uma leve piora no levantamento de abril. O reflexo dessa expectativa também se dá na perspectiva para a inflação: 53% acham que o indicador vai aumentar –em fevereiro de 2015, 81% tinham essa percepção.

Não há também percepção grande de melhora do mercado de trabalho. Para 46%, a taxa vai aumentar. No pior momento, em novembro de 2015, 76% viam piora do indicador. Segundo dados do IBGE, em fevereiro o desemprego atingiu 12,6%, leve aumento em relação ao dado de janeiro.

A pesquisa identificou uma piora na percepção dos brasileiros em relação à avaliação do país como lugar para viver. Para 48%, o Brasil é um lugar ótimo ou bom para viver –na máxima, em julho de 2005, 80% achavam o mesmo.

Por outro lado, subiu para 60% a parcela que diz ter mais orgulho que vergonha de ser brasileiro –era de 50% em junho do ano passado.

Via Folha de São Paulo