‘É uma aposta cara que nos imporá sacrifícios ainda maiores. Mas garantir a segurança dos catarinenses não tem preço’

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O livro “O Príncipe”, escrito por Nicolau Maquiavel em 1513, está sendo amplamente citado neste início de 2017, especialmente por conta de uma frase: “o sono do príncipe depende do soldo do soldado”. A referência à obra está posta nas discussões que envolvem a situação na segurança pública do Espírito Santo. Sem entrar no mérito do que levou a tal situação naquele estado, uma coisa é fato: sem segurança pública forte não há sociedade próspera.

Santa Catarina está longe do caos. No contexto dos estados, estamos no topo do ranking em importantes indicadores de segurança (2º estado mais seguro do país, 1º lugar em ressocialização de presos, entre outros). A média salarial de nossos agentes é a segunda mais alta do país. Infelizmente, tudo isso não é o suficiente para fazer frente à escalada da violência que acontece em todo o país. Não basta nos compararmos aos outros Estados. Precisamos, no mínimo, manter nossos melhores índices. Isso se faz com inteligência, tecnologia e com um componente fundamental: gente. Gente bem preparada.

Em Santa Catarina, o curso de nível superior é um requisito para o ingresso na Polícia Militar. E agora, graças à coragem do Governo do Estado, este time de alto nível recebe um reforço de mais de mil homens e mulheres aprovados no último concurso, em 2015. É a maior convocação da história de quase 182 anos da nossa PM. O Estado já havia formado 692 deles e agora o governador Raimundo Colombo convocou todos os 1084 remanescentes.

O preço dessa decisão: R$70 milhões por ano – esse será o impacto na folha de pagamento dos servidores. Há anos o Estado está no limiar máximo do gasto com pessoal pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Não é que a situação tenha melhorado. Mas essa decisão é inadiável, em favor da sociedade. O Estado empenhará todas as suas forças para recuperar as perdas acumuladas na arrecadação e honrar seus compromissos. É uma aposta cara que nos imporá sacrifícios ainda maiores. Mas garantir a segurança dos catarinenses não tem preço.

Santa Catarina nunca deixou de investir em Segurança Pública. Em 2014 incrementamos os valores aplicados em folha, custeio e investimentos em 26%. Depois veio a crise, mas ainda assim, injetamos 5% a mais em 2015 e 10% a mais em 2016.

Com o ingresso dos novos PMs alcançaremos, nas duas gestões do atual governo, o impressionante número de 18.328 servidores efetivados em todas as áreas. Só na segurança, chegaremos a 6.798 agentes. Em Santa Catarina não se pode falar em sucateamento do serviço público. E não se trata apenas de contingente, mas de remuneração: os 1084 novos PMs iniciarão suas carreiras com salário de R$4.845,82.

Por muitos meses esses concursados pressionaram, com razão, para que o Governo os convocasse. Mostraram organização e agora chegarão com a motivação indispensável para o exercício da carreira. Assim como esperamos que os novos policiais atendam à altura a sociedade que mantém as estruturas públicas com o pagamento dos impostos, queremos crer que os catarinenses saberão reconhecer a importância desse gesto. Com segurança pública não se brinca; com responsabilidade na gestão financeira também não. A conta é de todos nós, mas o resultado também será. Parabéns aos 1084 novos policiais militares. Sejam muito bem-vindos. Santa Catarina precisa de vocês.

Antonio Gavazzoni, secretário de Estado da Fazenda e doutor em Direito Público

Via Adjori/SC