O fim de uma década de juros baixos nos Estados Unidos, mais as decisões de política econômica do presidente Donald Trump e a estratégia da Arábia Saudita de conter a produção de petróleo estão pressionando o câmbio em países emergentes, especialmente os que enfrentam desequilíbrio nas contas públicas como o Brasil e a Argentina. Os investidores estrangeiros preferem a segurança dos juros americanos. Por isso, o dólar está em alta no país desde o início do ano. Em 2 janeiro, estava cotado no comercial a R$ 3,26. Na última sexta-feira, chegou a R$ 3,60, uma alta de 10,42%, bem acima da variação da inflação oficial, o IPCA, que subiu 0,92% de janeiro a abril. Essa mudança gradativa no câmbio ainda não gera mudanças perceptíveis na economia do Estado, mas o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Glauco José Côrte, afirma que a alta do dólar é positiva para as exportações, mas pressiona a inflação. 

O ministro do Turismo, Vinicius Lummertz, afirma que a subida do dólar tende a reduzir o turismo emissivo, de brasileiros ao exterior, mas isso vai depender de quanto será a alta do dólar e como será a retomada da confiança na economia do país.  O secretário de Estado do Turismo, Tufi Michreff Neto, diz que o dólar mais caro fortalece o turismo interno porque mais pessoas deixam de viajar ao exterior e isso é bom para a temporada de inverno no Estado. 

– A alta do dólar torna as exportações mais competitivas e as importações mais caras. Sempre que isso ocorre, abre-se espaço para a produção local substituir os produtos importados, sobretudo bens de consumo. A alta do dólar também tem reflexos negativos em relação à dívida em moeda externa. Mas as empresas sabem que para minimizar os impactos desse risco é preciso ter “hedge” (seguro) normalmente ancorado nas próprias exportações – explica Côrte.  

Segundo ele, dois terços das importações catarinenses se referem a matérias-primas e insumos utilizados no processo de transformação industrial. Assim, vai haver um encarecimento no custo desses produtos, que tende a ser repassado aos preços. Se esse custo maior tem continuidade, pode ter impacto na inflação, mas Côrte avalia que a boa notícia é que a inflação no Brasil está controlada e abaixo da meta.  

Prever câmbio é difícil, mas a expectativa é de que o atual cenário externo vai continuar por algum tempo. Para o Brasil ficar mais seguro diante dessas turbulências, precisa arrumar as contas. Para isso, o presidente da Fiesc defende as reformas. 

– É importante registrar que o Brasil tem um elevado nível de reserva, o que nos favorece, mas assegurar que o país não se deixe contagiar por um cenário internacional hostil depende, substancialmente, do próprio Brasil avançar em termos de reformas estruturais, como a da Previdência e tributária, bem como do retorno dos investimentos, em programas de parceria com a iniciativa privada – alerta Côrte.

É necessário buscar o ajuste das contas porque a variação do câmbio inibe decisões econômicas.  

Com a Argentina

A piora da situação econômica da Argentina, alta do câmbio e socorro do FMI semana passada, preocupa o meio econômico de SC. Na avaliação do presidente da Fiesc, Glauco José Côrte, tudo ainda é muito recente, mas se essa crise continuar, vai impactar as exportações do Estado. Hoje, o país é o terceiro principal destino das exportações de SC e compra 6% do total. O primeiro são os EUA, com 16% da receita, em segundo a China, com 12%. O ministro Vinicius Lummertz, observa que o peso argentino teve desvalorização de 22% e isso pode ter impacto negativo no turismo de SC. É preciso esperar para ver como evolui.   

Via NSCTotal – Coluna Estela Benetti