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A agropecuária catarinense fechou 2020 com recorde no valor da produção, isto é, da receita obtida pelas propriedades nas vendas de produtos. O total chegou a R$ 40,9 bilhões, 21,1% mais do que no ano anterior, segundo cálculos da Epagri/Cepa, instituto catarinense que faz a Síntese Anual da Agropecuária do Estado, divulgada na última quarta-feira. Mas esse ganho poderia ser ainda maior se o setor de grãos tivesse estrutura para armazenar e vender os produtos ao longo do ano, observou o coordenador da Síntese, o analista de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri, Luiz Toresan.

Pelos cálculos da Epagri, o setor deixou de ganhar principalmente na exportação de soja. O total obtido no exterior com a oleaginosa alcançou US$ 700 milhões, mas se o produtor tivesse vendido com os preços mais altos, do segundo semestre, alcançaria US$ 1 bilhão, ou seja, US$ 300 milhões a mais (R$ 1,67 bilhão).

O resultado externo foi impulsionado pelas exportações com dólar alto. No mercado interno, a ajuda nos preços veio principalmente em função do aumento da demanda por alimentos impulsionada pelo pagamento do auxílio emergencial. Apesar de parte dos produtores ter vendido por preço médio menor, todos tiveram ganhos e ficaram animados com os resultados, observou Toresan. A venda maior na safra ajuda a compor preços menores, que favorecem o consumidor.

Quando o resultado é positivo no meio rural, os ganhos impactam diretamente ao setor, mas beneficiam também outras regiões do Estado. Os produtores investem em novas propriedades, maquinário moderno, fazem estoques de insumos e sementes para a próxima safra, compram carros de luxo, imóveis no litoral e também poupam.

O agronegócio catarinense é o mais diversificado do Brasil. Inclui grãos, carnes, pescados, frutas e hortaliças, entre outros itens.

70,2% das exportações

Apesar das dificuldades da pandemia, o setor manteve participação de 70% na receita das exportações do Estado no ano passado. Mais uma vez, a liderança no faturamento com exportações ficou com a carne de frango, que totalizou US$ 1,5 bilhão. Em segundo lugar ficou a carne suína, com US$ 1,2 bilhão e os produtos de madeira somaram US$ 1 bilhão. O segundo grupo com mais impacto é o da agricultura, com a liderança da soja US$ 700 milhões, seguida por tabaco US$ 250 milhões e móveis de madeira maciça US$ 250 milhões.

Para este ano, a expectativa é de que o agronegócio tenha mais dificuldades, tanto no mercado interno, quanto nas exportações. O desafio maior será da pecuária, que enfrenta altos preços da alimentação animal, justamente em função dos preços recordes do milho e da soja.

 Uma mudança prevista pela Epagri, segundo Luiz Toresan, é que a carne suína deve assumir a liderança em receita de exportações, superando a carne de frango.

Via NSCTotal – Coluna estela Benetti