Enquanto o governo esbraveja, o segmento do varejo comemorava. Lá se foram 30 anos de espera e que dariam ao setor industrial catarinense possibilidades de respirar, de competir com estados vizinhos. Mas não foi desta vez. Não teve jeito. A derrota acachapante por 24 votos a 12 o faz refletir e analisar melhor suas ações. Por fim, o que ainda não assimilou, não dando o devido valor, foi o que faltou na negociação: dialogar.
A coluna se refere à proposta contida na medida provisória 220, de autoria do Executivo, e que reduziria de 17% para 12% (com efeitos a partir de 1º de abril) a alíquota do ICMS para operações com mercadorias destinadas ao contribuinte para comercialização, industrialização e prestação de serviços. Tinha como finalidade, além da redução de impostos, a simplificação e padronização da legislação do ICMS. Com isso, estimularia o crescimento do mercado catarinense, incentivando o consumo interno e, consequentemente, gerando mais empregos na cadeia produtiva.
Então! Tudo perfeitamente elaborado e encaixado no que se refere à política governamental. Porém, esqueceu de combinar com o varejo, que logo identificou, como dizem, injustiças fiscais. Para o setor, a MP, ao invés de reduzir impostos, pelo contrário, aumentaria os preços dos produtos, onerando o já penalizado consumidor final.

Vaca no brejo 
Não se pode negar o esforço na tentativa de ajustar os pontos conflitantes. Que o digam a Fiesc, ao lado da indústria, e a Fecomércio, representante do varejo. Tudo acertado entre as partes, com o governo ciente e apostando no que se decidia, como a exclusão dos têxteis. Esforços em vão somando-se aos desgastes e custos não orçados, pois no final “a vaca foi pro brejo”.

Queda de braço 
Em ano eleitoral e com os nervos à flor da pele, não se poderia esperar conversa de comadre. O negócio enviesou pelo caminho político partidário e o governo estendeu bandeira branca, emitindo nota dizendo que os parlamentares foram contra os interesses dos catarinenses. Afirmou, por último, que não retomaria a discussão, dando-a por encerrada.

Juntando os cacos 
Na tentativa de resgatar a credibilidade, o governo lançou mão de decreto permitindo ao comércio atacadista usufruir da redução prevista. Quanto aos demais setores que se dizem prejudicados, continua apostando na interlocução da indústria que deverá, também em breve, ser contemplada.

E as pessoas? 
Ao considerar que nos últimos setes anos o governo Colombo/Moreira primou pelas pessoas, fica a pergunta: para quem fez parte da mesma base e propósitos, como a sociedade enxerga o slogan de campanha defendido “As pessoas em primeiro lugar”? E quanto aos contribuintes, no que se refere às transações realizadas, fica valendo a MP no período em que vigorou.

Refletindo 
“O diálogo é e sempre será o melhor caminho para qualquer entendimento”. Mauro Rebouças. Uma ótima semana

Via Coluna Fisco e Cidadania – Por Pedro Herminio Maria